domingo, 27 de dezembro de 2009

Olá,

Eu nunca quis crescer,
Nem deixar de ser criança
Mas o tempo nos alcança,
Nos faz envelhecer.
Nos leva dos amigos,
Nos deixa as lembranças.
Faz o quem sabe a esperança
De outro dia os rever.
De noutro dia sermos alegres.
De novo sermos rebeldes...
Eu nunca quis ser criança,
Mas mesmo assim ao nascer,
Papai do céu, como eu dizia,
Fez assim sem eu querer.
Trouxe a mim esses amigos,
E tantos e tantos que nem lembro.
Sorrio por chegar dezembro
É quando mais me lembro de vocês.
Das festas da escola.
Dos jogos de bola...
Da correria pra chegar à quadra primeiro...
Mas logo chegará janeiro
E vamos voltar ao esquecimento?
Eu aqui da minha parte,
Tentando enganar com arte
A falta que sinto,
Dos amigos de tanto tempo
E que há mais tempo ainda não os vejo,
Espero que com o ensejo,
De querer vê-los novamente,
Encontremo-nos pela vida
De uma forma inocente.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Te quero!

Veleja o rio e descobre o infinito.
No horizonte há um berço,
Há uma mão que se estende.
Há um belo, distante e bonito
Amor que a jovem não entende.

Há um rosto inigualável!
Há um disperso mar de brancura.
Há verdade; há lisura,
Há sorriso e um exigente
Luar que a noite emoldura...

Não há beleza sem presença.
Tua mão é magia e vagareza.
É toque que me desconserta;
É voar que me liberta.
É coexistir inconsciente!

Veleja o rio! Descobre em tua mente:
Meu amor é pedra que transborda e acredita
Que teus olhos são o risco da minha vida,
E que sempre esquecida,
Vai à mão que se estende e grita:

Falta algo. Falta alguém.

Se fossem um dia inteiro teus beijos,
No comum lugar do dia inteiro,
Passaria todos os meus dias e desejos
A esperar-te o dia inteiro.

Vendo de longe tua chegada,
E ver que não vinhas.
A olhar quem sabe mais longe
No horizonte da escrivaninha.
Mas a vista está velha e cansada
A mão doente, a vista marejada,
Não te vês sequer ao meio dia...

Lembra-te que nunca te vi? Lembra?
Mas é assim que te toco...
Nessas palavras devoto
A perder meu dia inteiro.
Até nessas confições remendadas;
Até no mergulhar dos pensamentos;
No sofrimento...
Na vastidão deste mundo perdido
É que meus olhos vencidos
Voltam a te quer
Olham e não sabem te perder,
Mesmo que a vista não sinta nada.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Sem nome.

Eu sou o dom que tua vida esconde;
No corpo, corrente; na mão, tem pão.
Eu sou a rosa dos teus pensamentos,
E a raposa que teus olhos contemplam.

Sou o rubor da tua caminhada inerte.
O sopro leve que devasta a vinha.
Eu sou o amor; sou eu o flerte!
Sou a sombra opaca de quem caminha.

Sou eu a alma alegre das mentes mortas.
A escuridão dos sóis vivazes e poentes...
Sou eu a mão que bate a porta
E a mesma que te conserta os dentes..

Eu sou a dor; sou a hora demorada.
Sou a beleza entristecida da manhã,
Que some com o sol da alvorada
E regressa no céu como estrela anã.

Aponte o dedo e lá estou vívida!
Pronuncie a todos meu “bendito” nome...
Liberte a alma! Pague sua dívida!
Acredite, que a dor lhe some...

Eu sou o pão que sem entendimento,
Vaga na vossa boca insana e crua.
Eu sou o risco, que te corrói por dentro
Enquanto me busca pelas vielas-ruas...

domingo, 13 de dezembro de 2009

Ali, quem vai?

O ladrilho descompassado da esperança
Brilha entre as torres da derrota;
Brota singular o pranto da vingança
E o torpor inútil do idiota.

Ao nascer do esquecido furor do grito,
Reverbera os olhos pela escuridão gelada.
Tateio o pulso, pois ainda acredito;
Tento reanimar o coração... E nada.

Que desistente e humano, não tenta!
Morre na apatia de não tentar.
Gela na agonia que alimenta;
Pálida sua pele vai ficar.

Passam os dias e ainda respira.
Passam as luzes e ainda vê.
Passam! Passam! E se atira
Na ilusão absurda de querer!

Paul is dead?

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A lenda da morte de Paul McCartney, também conhecida como "Paul is dead" (Paul está morto), consiste basicamente em boatos de que o integrante dos Beatles teria morrido em um acidente (1966) e teria sido substituído por um sósia.

Os boatos começaram em 1966, logo após o lançamento do álbum Revolver, quando os Beatles pararam de excurcionar devido a dificuldade de tocar ao vivo os arranjos cada vez mais complexos e inusitados de suas músicas aliado a um acidente de motocicleta, sem maiores consequências, sofrido por Paul McCartney.
A Tese

De acordo com boatos Paul teria morrido em um acidente de carro às 5 horas da manhã de uma quarta-feira, dia 9 de novembro de 1966, quando teria sofrido um esmagamento craniano e/ou sido decapitado ao colidir com outro veículo por não ter observado o sinal do cruzamento fechar, conforme teria sido contado posteriormente na música A Day in the Life: "he blew his mind out in a car…he didn’t notice that the lights had changed" (ele estourou sua mente em um carro…não percebeu que o sinal havia mudado), ainda teria perdido seu rosto e seus dentes, por isso não teria sido possível a identificação do cadáver.

Para que o grupo não se desfizesse, uma vez que estava no auge do sucesso, a gravadora Capitol providenciou imediatamente alguém para substituí-lo. Surgiu neste cenário macabro, um tal de William Campbell, músico, quase tão talentoso quanto Paul e que havia ganho há pouco tempo um concurso de sósias. A verdade é que o rapaz nunca mais foi visto em sua cidade depois disso. John Lennon, que jamais aceitara a idéia da farsa, começou a espalhar dicas ou pistas subliminares para os fãs do grupo, sobre a morte do parceiro, nas famosas capas e nas letras dos álbuns da banda.

A notícia correu o mundo, virou obsessão de fãs-detetives durante anos, se transformou em livros, especiais de TV, sites e filme. Apesar de ser veementemente negado por todos os envolvidos, as inúmeras “evidências” pesquisadas mantém viva a lenda "Paul is Dead". Confira abaixo:

As dicas subliminares deixadas por John

- Na capa do "Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band – 1967

Esta capa está recheada de mensagens subliminares. Todo o conjunto de elementos desta capa estariam retratando uma espécie de funeral (o de Paul) com todas aquelas pessoas olhando (note os arranjos de flores típicos de um funeral).

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Um dos arranjos de flores forma o desenho de um baixo Hofner semelhante ao que Paul tocava, inclusive virado para a direita visto Paul ser canhoto, isto indicaria que é Paul o cadáver que acabou de ser sepultado. O baixo tem apenas três cordas ao invés de quatro, uma referência aos Beatles sem o seu quarto companheiro.

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Outro arranjo onde aparentemente está escrito Beatles na realidade deve ser lido como "Be At Leso" ou "Fique em Leso". Paul teria sido enterrado na ilha de Leso.

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Sobre a cabeça de Paul há uma mão aberta. Uma mão aberta sobre a cabeça é uma maneira de abençoar as pessoas que morrem. Isto se repetiria posteriormente conforme veremos.

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Uma boneca da gravura da capa segura um carro de brinquedo. O carro seria do mesmo modelo do em que Paul haveria morrido.

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Embaixo do T de Beatles na capa há uma pequena estatueta de Shiva, Deus Hindú da morte. A estátua aponta para Paul.

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Na foto da contracapa todos os beatles olham para a frente, com excessão de Paul. Em uma foto do encarte Paul tem no braço uma insígnia onde está escrito OPD que no Canadá é sigla para "Officially Pronounced Dead" ou "Oficialmente Considerado Morto".

Se colocarmos um espelho no meio da palavra "heart"(horizontalmente), que está escrita no bumbo, aparece "HE DIE", algo parecido com "ele morre".

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No álbum "Magical Mystery Tour" – 1967

No final da música Strawberry Fields Forever se ouve ao fundo John Lennon dizer "I buried Paul" (eu enterrei Paul). Outro fato estranho, você observa nesta foto, do encarte, onde Paul é o único dos quatro Beatles que está com um cravo preto na lapela do paletó, enquanto os outros estão com cravos vermelhos.

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Se você olhar a capa do disco em um espelho as estrelas onde está escrito BEATLES formam um número de telefone, 2317438.

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Quando se ligava para este número na época em que o disco foi lançado se ouvia a mensagem "You’re getting closer" (você está chegando perto). Na realidade se tratava de uma menina bem humorada que havia aderido à brincadeira sobre a morte de Paul.

Na capa deste álbum Paul estaria vestido de morsa, um símbolo da morte em algumas culturas. Existem dúvidas sobre quem realmente está vestido de morsa na capa do álbum, John ou Paul?

A figura caracterizada como uma ave verde ou coisa parecida está usando um par de óculos parecido com o de John Lennon; na listagem das canções dentro do álbum em "I Am the Walrus" (Eu sou a Morsa) está escrita entre parênteses logo abaixo "No you´re not! Say Little Nicola!” (Não, você não é! Diga pequeno Nicola). Ora, se John está clamando ser a Morsa na música por que alguém iria dizer que ele não é tal criatura? Mais tarde no Álbum Branco, Lennon em sua música “Glass Onion” fala: "and here´s another clue for you all…the walrus was Paul…" (e aqui outra pista para vocês todos… a morsa era Paul). No clipe de George Harrison da música "When We Was Fab", canção nostálgica sobre os tempos de Beatles, Ringo Starr participa em vários instantes e, em determinado momento aparecem, George c/ a guitarra, Ringo na bateria… e a Morsa tocando seu baixo Hofner!

Ouvindo I Am The Walrus (lembre-se que Paul é a morsa da capa) surge a mensagem "oh untimely death" (oh morte prematura). A frase aparece sem a necessidade de inversão da música junta com muitas outras ao final da música, incluíndo: "bury my body" e "what, is he dead?". Estas frases fazem parte de uma execução via rádio da peça King Lear de Shakespeare. Lennon as utilizou na edição com propósito desconhecido…

Na foto central do encarte, na pele de resposta da bateria de Ringo está escrito "Love 3 Beatles" lembrando que os BEATLES agora são apenas 3.

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No "Álbum Branco” – 1968

Este álbum duplo marca o início da separação do grupo, marcado já pelos constantes desentendimentos, pela insatisfação de George com as poucas músicas que lhe são reservadas, e pela presença marcante de Yoko Ono. Como o nome do álbum diz, sua capa e contracapa são totalmente brancas, porém, o encarte traz imagens muito enigmáticas. No meio de um emaranhado de imagens fragmentadas e “aparentemente” sem nexo: uma foto de Billy Shears, apelido que os integrantes dos Beatles deram a William Campbell, o sósia de Paul.

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Este álbum, a exemplo do que ocorre com quase todos da banda, contém também algumas mensagens audíveis. No final da música “I’m so Tired” existem murmúrios que soam como “Paul is dead, man – Miss him, Miss Him” ou “Paul está morto”, “Sinto sua falta”.

Na música Revolution #9, que seria sobre a morte de McCartney (o sobrenome tem 9 letras), há a frase "My fingers are broken and so is my hair" (meus dedos estão quebrados e meu cabelo também). Ao ouvir o verso "number nine" ao inverso surge a mensagem "turn me on dead man". Ainda ao inverso podem-se ouvir outras pistas, incluíndo "Let me out!". Seria McCartney gritando para sair de seu automóvel?

Nas fotos colocadas em várias partes do álbum duplo algumas curiosidades. Paul em uma banheira, com a cabeça para fora da água dando uma impressão assustadora de decapitação. Paul entrando em um trem ou em um ônibus e duas mãos "fantasmagóricas" prontas para leva-lo para o "outro lado" podem ser vistas atrás dele. Nas fotos em close dos 4 integrantes a de Paul revela a cicatriz da cirurgia plástica de Willian "Billy Shears" Campbell para aperfeiçoar sua semelhança com Paul. Mas obviamente a cicatriz faz parte do pequeno acidente de moto que Paul sofrera, cicatriz responsável também pelo bigode em Sgt Pepper.

- Na capa do "Abbey Road" – 1969

É sem dúvida a capa mais polêmica de todas e serviu de inspiraçao para "Paul is Dead", filme apresentado na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em outubro de 2000, que revive o boato da morte do ex-beatle Paul McCartney, em 1966, quando a banda estava no auge. Alguns estudiosos realmente constatam diferenças nas músicas compostas por Paul, antes e depois de 1966.

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Um carro parece vir em direção a Paul. Ou, como os ingleses dirigem na mão esquerda, parece que o carro já atingiu Paul e segue em frente. No outro lado, entre John e Ringo, um carro de polícia está parado. Parece estar atendendo a alguma ocorrência, como um acidente de trânsito.

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Pés descalços: Paul é o único beatle de pés descalços. Há um costume de ingleses ser enterrado de pés descalços. Detalhe: seus olhos também estão fechados. Talvez uma das maiores ‘pistas’ deixadas na capa é Paul segurando o cigarro na mão direita, uma vez que era canhoto.

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A placa de um fusca que aparece à esquerda traz a inscrição LMW 28IF. O LMW poderia significar a abreviação de "Linda McCartney Weeps" (Linda McCartney Chora) ou "Linda McCartney Widow" (Linda McCartney Viúva). O 28IF seria "28 years IF alive", o mesmo que 28 anos SE vivo, se referindo à idade de Paul à época do disco, se não tivesse morrido. Paul, na verdade, tinha 27. Mas, era o dito, em religiões indígenas a idade de uma pessoa é contada a partir da gestação. Então ela já tem 9 meses quando nasce. Logo, Paul teria 28 anos, na época.

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Em 12 de outubro de 1969, uma rádio de Detroit teria recebido um telefonema de um ouvinte apontando para algumas pistas em músicas e capas de discos que indicavam a suposta morte. Após a ligação ele divulgou a lista e improvisou outras informações.

Os jornais locais levaram a sério a brincadeira e publicaram a lista, a notícia se alastrou de tal forma nos Estados Unidos que obrigaram Paul McCartney, em férias na Escócia, a vir a público desmentir o boato.

A partir de então, vários livros foram escritos, sempre com fatos novos adicionados à lista inicial, especulações foram surgindo sustentando a versão, mas o mais provável, claro, é que o próprio grupo teria contribuído com os boatos para melhorar a divulgação e aumentar as vendas dos outros discos dos Beatles.

Na época nenhum corpo totalmente carbonizado (o que explicaria o fato de não se poder identificar o corpo) foi encontrado, nenhuma ocorrência policial ou relato de autópsia de um fato tão incomum foi relatado, além de não haver nenhuma testemunha do acidente.


Matéria retirada do site: http://www.megacubo.net/lenda-morte-paul-mccartney/

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Foi e sempre será.

Era um sonho comum e sem jeito,
Um atalho para o esquecimento.
Tornou-se verdade e num dia: desfeito,
A ponto de causar dor e sofrimento.

Mas que dele boas lembranças suspiro;
Retiro. Ponho. Devolvo-as. As entrego.
E num piscar de noite, após o raiar do dia,
Tudo que tinha virou sonho e poesia.

Não que meu lamento seja eterno,
Ou que de viver tenha esquecido,
Mas é que dos sonhos que tenho,
De longe, o teu é o mais doído!

Acorda-me a noite a tua saudade.
Desfaz meu corpo que chora.
Denigre a imagem do homem forte.
Humilha, como agora.

Deixa eu calar! Mas não tem jeito...
E como está, pra mim, não há futuro.
E assim, mesmo vivendo do desfeito,
Dói a cada dia mais o peito...
Dói mais cada dia o peito...
Dói cada dia que te espero voltar.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

KISS ME. QUIS-ME.

Até um ponto no meio da tarde.
O dedo aponta,
A noite invade.
E mesmo que não seja tarde.
A mão que toca.
A boca arde.
O lábio arrota,
Amor?! Verdade.

Quem diz sou eu, e vou por onde?
O abraço mostra,
O olhar esconde.
Ao passo que brota o horizonte.
Espero agora.
Deitar a fronte,
A dor se vai,
Se vai, aonde?

Não é negar, não poder dar.
Nem maldade, amada.
A boca resseca...
A mão deixada.
O lábio escuta,
Não entende nada.

Quem vai poder ser o que quero?
O dedo aponta e nada mostra.
Mas vem lá, eu sei quem espero!
E assim não nego.
E assim lampejo.
O amor de verdade,
Por quem cá escrevo.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Elementar, meu caro pensamento. Elementar.

Um som no estalo da noite:
Quem me castiga agora?
Quem me traz o açoite?
Será que me degola?
Será... Quem diz que sóis?!
A verdade?
Vais embora!
Voltas depois.

E apesar do esquecimento,
Do raiar da loucura.
É pura.
É veneno.
É doce.
É fruta.

É credo na face oculta,
A espera da noite.
Espreita meu corpo, apenas,
O queres pra açoite!

Quem me castiga? A vida.
Quem me trai? A foice.
Quem me derruba? A lida.
E quem vai? Já foi-se!

Vai logo, tosco farrapo,
Corpo sem som vivente,
Ocultar quem te castiga
Procurar quem está ausente.

Reinventei o leigo trapo;
Corpulento retalho
Que de vida que pereceu.
Procuras nos sons da noite
Achar que já morreu.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

NEM EU.

Eu nem sei do que me lembro
Quando falo do que esqueço.
E apenas sei fazendo
O que meramente desconheço.

E por vezes me apresento
Com um ar de revelia.
Mal sei com o que me contento
Se mal vejo o raiar do dia.

Fujo das mentiras fáceis.
Das retóricas fúteis.
Dos comuns relatos.

Encontros, só descartáveis,
Os que me sejam inúteis,
Eu os abandono.

Sei como é cair.
Sei como é fugir.
Sei que tudo sei.

Mas não sei onde me encontro.
Tudo que tenho pronto...
E não sei partir.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

LÚGUBRE

Pousa à réstia desta obra
O opaco doce do veneno.
Vem me busca?! Já fui pequeno.
Sou pouco agora que me sobra.

Bem aqui. Vem no meu rumo.
A luz. A cruz... (sinais).
E até um sopro leviano,
Há de levar-me em paz.

Passo eu às mãos do homem
Caído. Insultado! Calejado.
Quem toca meus pés?
Quem não é mais?

Desejei, assim eternamente,
Que fosse o último golpe meu
Enganar o cortejo da morte
E a morte achar que era eu.

Ali deitado em berço fúnebre
Entôo o canto do riso;
Se enganar me foi preciso,
Aos vivos lúgubre o dia deixei.

Blá-blá-blá, mais alguma crendice?
Nada declaram e lá me vou!
Libertar-me da imundice,
Que vivem os dos que não sou.

Pousa? Obra? Veneno? Homem?
Vou atrás dos longos mares,
E quem sabe ensinar-lhes
Sobre cruzes, réstias e sombras!

domingo, 29 de novembro de 2009

Devaneios... A me torturar.

Eu nem tinha idade para tanto
E apesar do meu espanto,
Muito bem que eu me queria,
Já desde cedo dizia:
Amor não quero pra mim.

Era visível meu breve despertar.
A vida que eu queria me dar.
Mesmo sabendo que o sofrimento
Era e fazia parte do momento,
E que jamais ficaria assim.

Muito desejavam meu fim;
Todos esperavam meu levante.
Apesar de jamais ser como antes
Sofrer era a dúvida que resolvia

Era a vida que eu queria.
Era a pompa que eu almejava.
Era sofre que me agradava,
Era a fonte dos meus desejos.

Muitos e muitos dos gracejos
Que a morte me lançava,
Fazia pouco, eu dela,
Pois com ela eu me abraçava!

E apesar dos pesares...
Apesar do meu espanto,
Viver era uma dor sentida
Que me agradava tanto.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ameaça de chuva

Estavas caída, sem que houvesse vida.
A lágrima, na chuva, mal se via...
Minha mão leve, entre a sua retorcida,
Era o teu amparo, agora, noite e dia.

Eu era a tua morada, o teu amanhã.
Nascia ao teu lado; eu era Deus.
Tudo por ti fazia, na tentativa vã
De acalmar as dores dos olhos teus...

Alucinados pela luz que se perdia
Nas mil instâncias ia meu querer,
Antes de alcançar a longa via
Eu já pensava em ti perder.

Fiz-me; faço-me! Sou um pobre.
Estavas... Estavas... Agora és forte.
Quem tivera, em mim, o norte

Agora vai a própria sorte
Deixando o amor mais nobre
A quem eu possa ajudar quem sabe.

Mas se eu, que um dia fui teu santo
E passei dias e dias no pecado,
Olhando teus olhos; vendo teu canto

Dobro o destino, guardo teu manto.
Vendo a alma impura e domesticada...
Sinto por vezes a mesma chuva;

A mesma chuva me bate a porta.
Batendo a porta, pedindo abrigo
Terás castigo, e de mim nada.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O coração.

É lá longe, na palma da mão.
Que escorrega entre os dedos
Que por vezes pede perdão;
Trai os olhos e com seus medos
Empobrece a razão.

É difícil! Eu sei que pode ser.
Ali tão perto lhe sorrindo
Quase perfeito e não crê!
Troca o momento pedindo
Ao invés de receber!

Mas quem pode ser direito?
Até que ponto metodista...
Não peça. Não insista!
Faça por merecer!

Ao invés avesso retrucado
Até que possa estar ciente.
Pense em ninguém... Gente!
O que mais posso querer?

É tão bela, tão sucinta.
Um par duplo no rosto
De olhos lindos como nunca
Vi antes no meu bom gosto.

E na espreita deste segredo
Peço a esta longa espera:
Encontrar-te.

Assim, reinará o sossego.
Em quem antes tivera medo,
De perder minha única parte.

domingo, 22 de novembro de 2009

ENQUANTO DURE.

É um vicio que soterra.
Uma praga que mina,
A alma que espera
Ver que nada ensina.

Faz chorar; faz morrer.
Deixa a vida doentia.
Faz a alma deixar de ser
O que jamais seria!

Quero tudo e nada.
Tenho tudo e tudo!
Assim que me iludo...
Assim vai maltratada.

A alma. A calma. O vício.
Soterra minha amada!
Faz de mim resquício!

Faz o sal ser minha cura;
A dor meu benefício;
A morte virar ternura
E a vida um precipício...

Por te querer seja eu
Um mar de calmaria.
Naufragado no teu...
Amor por um dia.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Entender? Jamais!

Um toque amargo de quimera
No azul do céu que possa ver.
Sem raízes profundas, a espera
Leva de mim tudo, menos você.

Possa, sei, eu nem te querer,
Nesse levante louco de amar;
Louco mais ainda por querer
Um amor que não possa me dar.

Sei que dizem, eu nada saber.
Profanam meu sentir... De fato.
O que pego não foco, nem tato
Apenas sinto, o que não, em você.

E apesar dessas coisas estranhas
Dessas tamanhas vis e sem nexo,
Deixo sublinhado o meu recado
Nos covis obscuros do complexo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

VAZIO

Havia um espaço sem dono
Onde repousou meu coração.
E lá, como trem sem rumo,
Como um mundo sem prumo,
Descansa meu abandono.

Há de raiar em seus olhos lindos
Um olhar bem mais especial.
E lá, naquele instante,
Como nunca dantes,
Vive algo sem igual!

É o amor... São seus pensamentos?
Não há de entender-me. Não.
O que mais quero e o que espero
Dista léguas destes lados.
Não vem, nem manda recados.
Apenas existe.

E como um espaço sem dono...
Um acaso abandono;
Um instante de sono...
Num mistério doentio.

Visto não existir remédio
Nem notícia de tal situação.
Escrevo para animar o tédio
Onde repousou meu coração.

sábado, 7 de novembro de 2009

Para onde vamos?, por Fernando Henrique Cardoso*


A enxurrada de decisões governamentais esdrúxulas, frases presidenciais aparentemente sem sentido e muita propaganda talvez levem as pessoas de bom senso a se perguntarem: afinal, para onde vamos? Coloco o advérbio “talvez” porque alguns estão de tal modo inebriados com “o maior espetáculo da terra”, de riqueza fácil que beneficia a poucos, que tenho dúvidas. Parece mais confortável fazer de conta que tudo vai bem e esquecer as transgressões cotidianas, o discricionarismo das decisões, o atropelo, se não da lei, dos bons costumes. Tornou-se habitual dizer que o governo Lula deu continuidade ao que de bom foi feito pelo governo anterior e ainda por cima melhorou muita coisa. Então, por que e para que questionar os pequenos desvios de conduta ou pequenos arranhões na lei?

Só que cada pequena transgressão, cada desvio, vai se acumulando até desfigurar o original. Como dizia o famoso príncipe tresloucado, nesta loucura há método. Método que provavelmente não advenha do nosso Príncipe, apenas vítima, quem sabe, de apoteose verbal. Mas tudo o que o cerca possui um DNA que, mesmo sem conspiração alguma, pode levar o país, devagarinho, quase sem que se perceba, a moldar-se a um estilo de política e a uma forma de relacionamento entre Estado, economia e sociedade, que pouco têm a ver com nossos ideais democráticos.

É possível escolher ao acaso os exemplos de “pequenos assassinatos”. Por que fazer o Congresso engolir, sem tempo para respirar, uma mudança na legislação do petróleo mal explicada, mal ajambrada? Mudança que nem sequer pode ser apresentada como uma bandeira “nacionalista”, pois se o sistema atual, de concessões, fosse “entreguista” deveria ter sido banido, e não foi. Apenas se juntou a ele o sistema de partilha, sujeito a três ou quatro instâncias político-burocráticas para dificultar a vida dos empresários e cevar os facilitadores de negócios na máquina pública. Por que anunciar quem venceu a concorrência para a compra de aviões militares se o processo de seleção não terminou? Por que tanto ruído e tanta ingerência governamental em uma companhia (a Vale) que, se não é totalmente privada, possui capital misto regido pelo estatuto das empresas privadas? Por que antecipar a campanha eleitoral e, sem qualquer pudor, passear pelo Brasil às custas do Tesouro (tirando dinheiro do seu, do meu, do nosso bolso...) exibindo uma candidata claudicante? Por que, na política externa, esquecer-se de que no Irã há forças democráticas, muçulmanas inclusive, que lutam contra Ahmadinejad e fazer mesuras a quem não se preocupa com a paz ou os direitos humanos?

Pouco a pouco, por trás do que podem parecer gestos isolados e nem tão graves assim, o DNA do “autoritarismo popular” vai minando o espírito da democracia constitucional. Essa supõe regras, informação, participação, representação e deliberação consciente. Na contramão disso tudo, vamos regressando a formas políticas do tempo do autoritarismo militar, quando os “projetos de impacto” (alguns dos quais viraram “esqueletos”, quer dizer obras que deixaram penduradas no Tesouro dívidas impagáveis) animavam as empreiteiras e inflavam os corações dos ilusos: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Em pauta, temos a transnordestina, o trem-bala, a Norte-Sul, a transposição do São Francisco e as centenas de pequenas obras do PAC, que, boas algumas, outras nem tanto, jorram aos borbotões no orçamento e minguam pela falta de competência operacional ou por desvios barrados pelo TCU. Não importa: no alarido da publicidade, é como se o povo já fruísse os benefícios: “Minha casa, minha vida”; biodiesel de mamona, redenção da agricultura familiar; etanol para o mundo e, na voragem de novos slogans, pré-sal para todos.

Diferentemente do que ocorria com o autoritarismo militar, o atual não põe ninguém na cadeia. Mas da própria boca presidencial saem impropérios para matar moralmente empresários, políticos, jornalistas ou quem quer que seja que ouse discordar do estilo “Brasil potência”. Até mesmo a apologia da bomba atômica como instrumento para que cheguemos ao Conselho de Segurança da ONU – contra a letra expressa da Constituição – vez por outra é defendida por altos funcionários, sem que se pergunte à cidadania qual o melhor rumo para o Brasil. Até porque o presidente já declarou que em matéria de objetivos estratégicos (como a compra dos caças) ele resolve sozinho. Pena que tivesse se esquecido de acrescentar “l’État c’est moi”. Mas não esqueceu de dar as razões que o levaram a tal decisão estratégica: viu que havia piratas na Somália e, portanto, precisamos de aviões de caça para defender “nosso pré-sal”. Está bem, tudo muito lógico.

Pode ser grave, mas, dirão os realistas, o tempo passa e o que fica são os resultados. Entre estes, contudo, há alguns preocupantes. Se há lógica nos despautérios, ela é uma só: a do poder sem limites. Poder presidencial com aplausos do povo, como em toda boa situação autoritária, e poder burocrático-corporativo, sem graça alguma para o povo. Este último tem método. Estado e sindicatos, Estado e movimentos sociais estão cada vez mais fundidos nos altos-fornos do Tesouro. Os partidos estão desmoralizados. Foi no “dedaço” que Lula escolheu a candidata do PT à sucessão, como faziam os presidentes mexicanos nos tempos do predomínio do PRI. Devastados os partidos, se Dilma ganhar as eleições, sobrará um subperonismo (o lulismo) contagiando os dóceis fragmentos partidários, uma burocracia sindical aninhada no Estado e, como base do bloco de poder, a força dos fundos de pensão. Estes são “estrelas novas”. Surgiram no firmamento, mudaram de trajetória e nossos vorazes mas ingênuos capitalistas recebem deles o abraço da morte. Com uma ajudinha do BNDES, então, tudo fica perfeito: temos a aliança entre o Estado, os sindicatos, os fundos de pensão e os felizardos de grandes empresas que a eles se associam.

Ora dirão (já que falei de estrelas), os fundos de pensão constituem a mola da economia moderna. É certo. Só que os nossos pertencem a funcionários de empresas públicas. Ora, nessas, o PT, que já dominava a representação dos empregados, domina agora a dos empregadores (governo). Com isso, os fundos se tornaram instrumentos de poder político, não propriamente de um partido, mas do segmento sindical-corporativo que o domina. No Brasil, os fundos de pensão não são apenas acionistas – com a liberdade de vender e comprar em bolsas – mas gestores: participam dos blocos de controle ou dos conselhos de empresas privadas ou “privatizadas”. Partidos fracos, sindicatos fortes, fundos de pensão convergindo com os interesses de um partido no governo e para eles atraindo sócios privados privilegiados, eis o bloco sobre o qual o subperonismo lulista se sustentará no futuro, se ganhar as eleições. Comecei com para onde vamos? Termino dizendo que é mais do que tempo de dar um basta ao continuísmo antes que seja tarde.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Dias e cinzas.

A vida é um longo triz.
Uma brisa, um leve afago.
E assim me disse o mago
A mágica de ser feliz.

E nem por isso, eu santo,
Triste e derradeiro.
Pequeno decano e ligeiro
Fui saber que dói tanto!

Essa vida de sabores mil!
Sonhos torpes e sombrios...
Caídos e famigerados.

Todos têm seus mil lados,
Duas faces; surto; rio.
E às vezes choro... Viu?

domingo, 20 de setembro de 2009

À MORTE HÁ VIDA.

Onde encontras tanta mágoa,
Se mal sais do cativeiro?
Como pode voar tua alma,
Se a esconde o dia inteiro?

Pode haver, quem sabe, nada
Entre os muros da tua sina?
Mas se assim, tão malfadada,
Seria a vida quem te ensina?

Quero saber os teus segredos,
Pois, acho que sejas louca.
Mas a viver sem matares

Sem ir diversos lugares,
Podes como seres assim?
Tenhas dó de mim...

Deixa que eu te venere.
E assim que puderes,
Ensina-me a viver.

Diga-me como matar,
O que não mata você...

Por não me querer.

Porém, pensando na noite passada:
Nada mais quero que sofrer o agora
Lembrando o cheiro da tua boca adorada...
Faz-me pensar em nada!
Faz-me sentir em glória!

E em quanto tempo ainda vou ver,
Novamente, teu riso que me mata?
Achar em outro lindo ser
Uma que como a tua ter
Dor desta força celibata!

Não quero boca outra vivente!
Apenas sentir quero o que me deste.
Fiz promessa para tê-la inocente
E jamais tocar sequer na tua veste!

Terei. Sim, terei para sempre ou nada!
Pois que me mata a vaga lembrança
Da tua boca aveludada.

E sem sentir ódio ou vingança,
Só vivo a nutrir essa doída esperança

E ter a vida mais amenizada.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Um céu; dois infernos.

Levo embora teu corpo mudo,
Tal que nunca o vi desta forma;
Tal que jamais quis de qualquer jeito;
Tal que vai de “livre aceito”;
Tal qual de vê-lo me arrepio!
Lindo, leve e absurdo!
Tal qual fora uma santa!
Uma menina devassa!
Mas esta é nossa farsa.
Este frio, agora é nosso beijo!
Não te importa com o que vejo?
Teu corpo, não mais bate a porta,
Vê que o amor é dor que mata...
Sem pensar; sem deixar cair;
Sem deixar... Não deixar.
Não quero ir.
Sem de qualquer jeito,
Forçar do fundo do peito
Os instantes sem vida...
Querida! Querida!
Viva! Viva! Fuja de mim!
Pois bem que te quero assim.
E agora em minhas mãos,
Fará tudo que quero,
Mesmo que em vão;
Na dor possível e na derrubada
Teu aconchego foi minha morada,
Sendo o meu crime a desilusão.
Vou perdido por amar demais,
Perdido por sentir demais...
Sem poder... Sem poder te amar.
Sem tê-la ali em frente;
Mesmo que nos abraços de outra gente,
Não descanse em paz.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

...mais demoro a chegar.

Eis que dobro mais uma esquina;
Quem vem lá?
Quem se aproxima?
Será que sabe que sou eu
Ou apenas esqueceu simplesmente
De me matar completamente
Que outrora fora seu?

Mas haverá alguém assim tão descrente?
Sem coração caminha...
Nem se achar quem vinha
Meus passos escutar,
Dormir nas ruas que tanto curvo
Espectro solo e turvo
Louco a delirar!

Escrever, pois depressa à calçada,
As últimas frases.
Os primeiros versos, cada,
De sentir que tenho tudo;
Os “escutos” de um mudo;
O agradar da navalha;
Dor que nunca me faltou...

Eis que dobro o impossível:
Lá, não havia nada.
Apenas um senhor de braços curvos.
Chamado destino.
A me tratar feito menino;
E me deixar sem solo ou chão.
Dizendo que quanto mais me aproximo...

Desculpe os erros de quem ama.

Parte do amor é uma dor profunda;
Dor que mata, fere, mas que sempre passa.
Muitos, sem ela, vivem sem graça,
Não por não amarem, mas por não tentar.
Sei lá, será que tenho tanto amor em mim?
Será que tudo que já tive foi amor...
Coisas acontecem e com elas vem o fim,
Porém, porque não tentar?
Parte do amor é um fogo triste,
De chama azul, celeste como o mar!
Muitos feridos nesse fogo se curam
Mas os poucos que perduram...
Mal querem lembrar.
De um caso, chamam amor!
Num retalho de lembrança é carinho!
Um afago, um torpor, um sorriso...
Mais que isso preciso pra chamar de amor.
Que me lembre;
Que me esqueça;
que se dane!
Isso sim é amor verdadeiro.
É justo, como uma jovem injustiça.
É lento, como uma dor triunfal!
Seca os mais jovens;
Nos mais velhos morre;
Contamina o vento; mata o ar...
Tanto tempo, e mesmo assim, ainda dá.

Autor do amor, o jovem poeta,
Entrega-se aos vícios do próprio amor.
Traz em si o soneto-profeta:
Aqui jaz mais levado pela dor!

Diz querer mais, e sem mais querer,
Trafega entre os mundos sem maldade.
Tranca o peito, entregue de ansiedade,
Por saber se amor ainda vai ter.

Insano... Quem sabe. Doente e mundano;
Figura triste das maiores tristezas.
Pequeno e sombrio no seu próprio oceano.

Espera encontrar atitude e nobreza
Pois mais quem dera certeza
No seu perdido pensar.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Compro o seu pecado

Aos pecados não consumados;
Aos que merecem perdão,
Recebo-lhes nos braços
Estendo-lhes a mão!

Posso não ser o vigário;
Posso não ter a unção,
Mas absolvo vários
Percalços de pouca expressão.

Nem todos são donatários
Nem muitos todos fiéis são!
Pobres... Estes que sofrem,

Pois, no caminhar da devassidão,
Percorrem a pé os caminhos
E os caminhos a pé vão!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Como Tantos Outros

Eis que o amor passou por mim.
Era lindo o intenso viajante!
Foi bem mais que um breve instante...
Porém, deixou-me sem fim.

Foi se perdendo e perdido sendo.
Um astro de estranhos complexos.
Uma breve luz dentre os reflexos...
Deixou a dor o amor querido.

Até hoje, sem que eu soubesse,
Em algum canto lhe entristece
A dor de ter me deixado.

Não fui o melhor ao teu lado,
E assim como mais um amor vivido,
Acabo eu vivo e entristecido...

domingo, 5 de julho de 2009

Trocados e miúdos

Terno riso de sonho insano
Preparo o suspiro do mal-feito,
Quero tudo que sem direito
Possa eu ter de desengano!

Pois quem diz a minha hora
Faz pensar que sou plebeu,
Diz: “sem dinheiro que nasceu,
Este pobre que implora!”

Nem farelos, nem migalhas
Ponha aos meus pés, senhora.
Mas vivo de comer estas falhas

Vivo delas sem ter glória
Sentindo, contudo, agora:
Vexame, cobrança e vitória!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Uma Longa Estrada

Dorme um sonho a cada dia
Como se o último fosse viver.
Tens clamor e nos sonhos via
Mais um longo anoitecer.

Porém sentado em seu dormir,
Procura a quem possa vencer,
Se não a si mesmo tende a cair
No esquecimento do adormecer.

Que tens palavras, e quem não teria!
Que tens sonhos, não os pode ter?!
Qual a causa de tamanha apatia?
Se não a do próprio alvorecer.

Mais um dia; um sonho a menos.
Mais um sonho; um dia a vencer.
Sob as vestes do que perdemos
Vivemos tudo sem saber por quê.