Leio muito, bastante mesmo. Procurando
não sei o que. Mas leio, incansavelmente, procurando que a vivência dos outros
me diga algo que nem eu sei o que é.
Adquirir conhecimento é algo
fascinante. Repassar aquilo lido, aprendido e percebido é algo sem igual. Mas não
tem efeito prático se você não transforma o mundo ao seu redor. Se o
conhecimento não vai além, repassado a todos, de nada serve. É como viver sem
respirar, sufoca e cansa.
Venho nestes tempos, cansado. Vivenciando
cada vez menos a vida. As palavras são meu alento, suas histórias, vidas de
outras pessoas, normalmente importantes, destemidas e por vezes imparáveis
apenas por suas megalomanias. Ditadores, reis, príncipes e até mesmo alguém sem
tanta importância, estão todos nessa busca por algo, um caminho sangrento ou
apenas mais um dia de subserviência.
Estamos em tempos difíceis,
tempos sem muito o que comemorar ou viver. A vivência se tornou escapar de
inimigos invisíveis. Coisas com estruturas inferiores à nossa, sem consciência ou
sobrevivência fora de nós.
São tempos difíceis, mas não tão
difíceis quanto um dia já foram. Hoje em dia não estamos mais nos matando tanto
assim, de alguma forma, o mundo “civilizado” está até mais calmo, a linha da
morte, mesmo perene, leva de nós ou nos traz má sorte.
São tempos para refletir e
pensar. Avançar e sorrir mais. Tempos para ouvir mais o silêncio dos que não
falam ou dos que estão distantes. Tempo para refletir sobre onde e como
chegamos aqui. Tempos para parar completamente e refletir.
Ando errando tanto quanto nunca.
Não sou culpado por tudo, mas sou passivo e ativos dos meus erros, indesculpáveis?
Não, nada é tão ruim assim, pois somos humanos e falhos, seres medíocres quando
queremos ser. Somos maus? Talvez seja a nossa essência, mas não é assim que
nascemos.
Com o passar dos dias vamos
nos tornando, transformando em fantoches do acaso e do desagrado pessoal.
É tempo de refletir,
cobrar-se, cobrar-se demais e em demasia. Tempo para parar tudo e apenas pedir
por dias melhores.
A ver se meu destino é tão grande quanto aquilo que imagino que seja. Tempo de dar aquilo que nunca foi dado: suor, trabalho e sangue, se preciso for.