quinta-feira, 15 de julho de 2021

Sei lá


 

Leio muito, bastante mesmo. Procurando não sei o que. Mas leio, incansavelmente, procurando que a vivência dos outros me diga algo que nem eu sei o que é.

Adquirir conhecimento é algo fascinante. Repassar aquilo lido, aprendido e percebido é algo sem igual. Mas não tem efeito prático se você não transforma o mundo ao seu redor. Se o conhecimento não vai além, repassado a todos, de nada serve. É como viver sem respirar, sufoca e cansa.

Venho nestes tempos, cansado. Vivenciando cada vez menos a vida. As palavras são meu alento, suas histórias, vidas de outras pessoas, normalmente importantes, destemidas e por vezes imparáveis apenas por suas megalomanias. Ditadores, reis, príncipes e até mesmo alguém sem tanta importância, estão todos nessa busca por algo, um caminho sangrento ou apenas mais um dia de subserviência.

Estamos em tempos difíceis, tempos sem muito o que comemorar ou viver. A vivência se tornou escapar de inimigos invisíveis. Coisas com estruturas inferiores à nossa, sem consciência ou sobrevivência fora de nós.

São tempos difíceis, mas não tão difíceis quanto um dia já foram. Hoje em dia não estamos mais nos matando tanto assim, de alguma forma, o mundo “civilizado” está até mais calmo, a linha da morte, mesmo perene, leva de nós ou nos traz má sorte.

São tempos para refletir e pensar. Avançar e sorrir mais. Tempos para ouvir mais o silêncio dos que não falam ou dos que estão distantes. Tempo para refletir sobre onde e como chegamos aqui. Tempos para parar completamente e refletir.

Ando errando tanto quanto nunca. Não sou culpado por tudo, mas sou passivo e ativos dos meus erros, indesculpáveis? Não, nada é tão ruim assim, pois somos humanos e falhos, seres medíocres quando queremos ser. Somos maus? Talvez seja a nossa essência, mas não é assim que nascemos.

Com o passar dos dias vamos nos tornando, transformando em fantoches do acaso e do desagrado pessoal.

É tempo de refletir, cobrar-se, cobrar-se demais e em demasia. Tempo para parar tudo e apenas pedir por dias melhores.

A ver se meu destino é tão grande quanto aquilo que imagino que seja. Tempo de dar aquilo que nunca foi dado: suor, trabalho e sangue, se preciso for.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Na fila da vacina: uma lição de vida

 


 

Parafraseando, pessimamente, o atual presidente: Temos um povo terrivelmente ignorante; um povo terrivelmente carente; um povo terrivelmente perdido e sem rumo.

Educação é apenas boas notas ou dizer um “bom dia” onde quer que cheguemos. Mas não é só isso. Educação é algo muito mais profundo. É incrível a falsa noção que o povo tem de humildade. Nem precisa ser governante para ser humilde, basta abraçar alguns pobres e passar 45 dias sendo humilde, pegando criança no colo, bebendo água do pote e pronto! Eis um humilde.

Nem jesus é lembrado como alguém humilde! É capaz Ele chegar numa fila qualquer e se expulso por suas roupas não chamativas e humildes.

Sei lá, não sei onde vamos parar com tanta gente ignorante. A ignorância é, nesse contexto, uma falta de senso crítico. Escuto alguns, na fila, dizendo que “essa vacina dá febre, uma conhecida minha quase morre, meu marido passou muito mal (o humilde dr,), já comprei a dipirona, ei essa vacina é aquela que dá febre? Vou tomar não!”

Carecemos demais de gente bem intencionada. A classe política é uma decepção vergonhosa e vendida.

Em nossa cidade mesmo, cite um nome que luta a luta do povo? Só um que não esteja nos braços do prefeito ou querendo vir pro lado dele. Não, não temos políticos assim. Estão nas mãos dos privilégios pagos com o nosso dinheiro.

Ser político é apenas meio de vida e meio de se dar bem, ficar com os benefícios que o cargo tem. Além da faceta de ser alguém importante. Após a eleição...hum, muitas máscaras caem, outras ficam de tanto que já fazem parte do indivíduo.

É triste. Eu fico triste.

Não aprendemos nada, nada, nada!

Aprendo muito com o pouco que fico perto de pessoas desconhecidas. Percebo o quanto vivo distante da realidade que a TV lhes proporciona. Aliás, a TV é um grande desserviço, fora milhares de outras coisas que achamos que tem algum valor axiológico. Seria um pleonasmo? Sabe-se lá, mas cada um com seu cada qual.

Muitos ali na fila, jamais quebrarão as correntes e ou tirarão as vendas dos olhos, que uma educação pífia lhes proporciona. Outros apenas não sabem que ignoram. Mais uma outra parte jamais parará um instante para refletir sobre a vida e suas consequências, principalmente, o voto dado em troca de dinheiro ou alguma outra coisa de valor financeiro.

Vacina no braço, atendimento bem legal, atendentes educadas. “oi, tchau e fui”.

Após tomar a vacina, no postinho, sentei lá fora um instante. 5 minutos pensando o que passamos nesses quase ano e meio de pandemia. Gente morrendo, gente brigando por políticos e suas ideias loucas, gente procurando ter razão em alguma discussão medicamentosa, gente ficando cada vez mais distante da razão de existirmos.

Levantei, sai, cheguei em casa e aqui estou escrevendo. Um misto de revolta/felicidade, pois mesmo vacinado, a sina da morte ainda perdurará em nosso caminho. Independentemente de estar vacinado, cedo ou tarde o nosso fim estará por aí, seja pelo vírus chines, seja por outra doença, bem ou mal estamos fadados a sermos finitos.

Enquanto a morte não nos chegamos, quem sabe consigamos aplacar essa ignorância no povo. Quem sabe um dia as coisas melhorem e vejamos os mais “capacitados” olhando verdadeiramente para o povão.

Eu não sou do povo, mas prefiro estar perto de gente ignorante, humilde por natureza ou por falta de oportunidade de ser diferente, do que perto de político que “se passa” de humilde.

Um dia eu chego lá, mas nunca chegarei a ser hipócrita de dizer que sou humilde, não sou! Sou apenas, nas palavras deles, o besta e afins...

E eu já ia esquecendo: um dia, aqui nessa vida, todo mal feito é pago.

domingo, 4 de julho de 2021

Dia de missa vs dias de culto


 

Sou indiferente a religião. Elas pouco me dizem sobre deus, mas muito me falam quem são os frequentadores dos templos religiosos. Uns guardam um dia na semana, outros “adoram” o sol, uns não podem dar tantos passos num determinado dia, outros não comem certas carnes, outros tem casos de pedofilia/abuso entre seus cléricos, outros são acusados de abusar da boa vontade financeira dos fieis e eu? Ai, ai, ai...

Fico a distância, observando. Acho que já tenho defeitos suficientes para me colocar em conjunto a tanta gente problemática. Dizem-se salvos, dizem-se ungidos, falam línguas estranhas, ouvem vozes enquanto dormem, falam uns dos outros, julgam, desdenham, supõem-se melhores, mais castos, mais santos, muitos santos, aves e marias.

Não se insulte com meu texto, sou apenas um contador de histórias e sem fama alguma. Enquanto você passa a semana esperando o domingo para santificar seu santo ou a semana indo e vindo de bíblia na mão ou em baixo do braço, eu apenas observo, sou expectador, não julgo, pelo menos tento ao máximo; pelo contrário, admiro vocês que são semanais ou diários, segundários, terciários, quintários ou sabadários.

Sou apenas um observador vendo você tratar mal as pessoas e depois, em nome de deus, se unta de luz e aplaca todos os pecados da semana, como num passe de mágica.

Imagino a cara de vocês, olhando pra roupa curta do vizinho de banco, falando e nem prestando atenção no que o pastor/padre fala. Nem eles mesmo “sabem o que dizem”, muito menos o que fazem. Então porque não podemos pecar a vontade? Deus estará lá para nos perdoar...

A vocês, a mim não! Não procuro perdão, procuro não errar ou melhor, procuro não atrapalhar o que já é tão difícil que é este mundo. Um mundo perdido, caótico, católico apostólico e profano; luterano da libertação ou libertário do amor divino.

Ainda bem que as fogueiras, hoje, são apenas comemoração a são joão. Sou apenas mais um herege. Não sou da turma que bate na mulher e domingo fica de joelhos pedindo penitencia. Prepotência minha, claro, mas que é o home se não um prepotente?

Calejados estão meus dedos digitando sobre hipocrisia nossa de todo dia. Calejados estão meus olhos de ver triunfar...isso mesmo! Aquele velho e batido pensamento de alguém que você não faz a menor ideia de quem é!

Assim como Cristo, que pagou por nossos pecados na cruz, vivemos nesse mundo louco, desatinado pela perversão ou pela hipocrisia louca do homem. Homens de fé, homens do dinheiro e da luxúria que nem mesmo em tempos de desgraça coletiva, consegue se controlar; sai louco pelo mundo errante, errado, calejando a pista do ódio ou do fracasso individual.

Que tem deus em nossas vidas? Onde está, onde foi que nos deixou assim, loucos?

Teria ele morrido...isto é certeza, pois num mundo como o nosso, do jeito que está e sempre foi, difícil achar que aja algo infinito de bondade. Que deus me perdoe, mas neste mundo, Ele habita e nos olha de longe, não por vergonha de Sua criação, mas por nos ver tão distantes Dele.