sábado, 2 de maio de 2020

O cidadão Bananeira


Via ontem, no YouTube, uma frase que me chamou muita atenção: " melhor que ser um grande político, é ser um grande cidadão, honesto e respeitado."
Coisa difícil? Sim, porém muito mais comum do que imaginamos. Por vezes, vejo o Facebook me "lembrando " de fotos do meu saudoso pai. A falta dele é algo imensurável. Não pelas coisas que ele me proporcionava, mas pela bandeira moral e ética irretocável. 
Não estamos falando de perfeição, isso não existe! Costumamos colocar esse estigma nos mortos, mas meu pai não era perfeito, pelo contrário, tinha os defeitos que todos podem ter.
Mas o que o diferenciava, e é o que diferencia os bons dos maus, eram suas virtudes.
Há de ser o homem virtuoso! 
Uma dessas virtudes é tratar bem as pessoas, tanto no sentido de ser sempre educado, quanto no campo da sinceridade. Nunca vi meu pai com falsidades ou emoções mentirosas. Ele era bruto ou era ignorante, mas nunca falso. Acolhi isso pra mim, não gosto, não curto e não cultivo esse tipo de coisa.
Cabe ao homem ser digno de reconhecimento, não pelo que conquistou, mas pelo modo que trata as pessoas. Alguém azedo, antipático, falso, imbecilizado, este não vale o chão que pisa. Alguém extremamente simpático, amável demais, cheio de abraços, beijos e sorrisos, este eu prefiro mais longe ainda.
A vida não é esse mar de rosas, pelo contrário,  ela é dificuldade,  mas também é esperança. 
Por anos a fio, vi meu pai sentadinho na cadeira verde de balanço. Mãos unidas, rosto sisudo, rezando e pedindo a Deus algo. 
Um dia perguntei a ele o que ou por quem tanto reza, ele prontamente disse que não era da minha conta e que eu fosse perturbar outra pessoa...
Em uma situação normal, com alguém normal, eu ficaria arrasado, com raiva, mas não, preferi achar, e sempre achei, aquilo como algo virtuoso, algo inatingível pelo meu pouco tempo de vivência. 
É isso que nos falta: verdade. Vivemos num mundo muito "educado", num mundo covardemente mentiroso e abobalhado, onde os problemas são maiores que as soluções. O mundo prático não há problema impossível, além da morte, claro.
Quem nunca ouviu dizer que as soluções mais práticas, são aquelas mais simples?
Vivemos tempos assim, acéfalos, onde a única virtude é ser mais esperto que o outro. Onde ganhar, sorrir e curtir são as medalhas penduradas nas nossas mentes; onde nos desagradamos muito facilmente, onde a mágoa impera e o amor e paixão.
Meu pai me disse, após dizer que eu nada tinha a ver com o quê ou a quem ele rezava, que: " aproveite que você falou e vá buscar um cafezinho pra mim". 
Sigo meu rumo, para um dia, chegar a pedir, também, esse café. Meu respeito não é nada diante a tudo que o mundo precisa. Mudar não é tão necessário, mas evoluir é mais que preciso.
Então, expurguemos a mágoa boba, a falsidade, principalmente, e a ganância em ser melhor que o outro; o mundo precisa de um homem fracassado, mas que tenha honra e respeito em suas virtudes.