quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

ar pesado

Pesa o ar nesse pulmão apaixonado
Um sofrer impossível de sanar.
Pesa me um mar, mas calado,
Desse jeito impossível de te amar.

O silêncio Nem é meu recado
É uma forma de protestar
Que sentir, sentir calado,
É pior que não poder gritar.

Esse amor é um fardo, pesado 
Um romance fatigado
Sem começo certo ou fim


o quê se vê?

Beleza produzida e engomada.
Riqueza reduzida e adestrada.
Avareza rica e rebuscada
Certeza de não ser amada.

Um mundo falho e mercantil.
Num fundo falso e pueril. 
Um lime torpe para madeixas
Eu sonho um pouco, o quê me deixas?

Tristeza, já lhe basta?
Certeza fria e nefasta
Criada em mar de ilusão 

Depois de tudo, em perfeição,
O sentimento pouco afasta
Vivemos de mentir ou não?

Claro!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Um dia, será pouco...



Minha vida é poesia
Letra, sílaba e palavra.
É como uma melodia
A ser declarada.

Por vezes é triste
Noutra alegria.
É vida que se agrava 
Ou nada disso seria.

Paira na curva
Adentra e turva
Não vejo nada.

Quem sabe seja
E por mais que veja
Não há fim...

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

A vitória da mulher



Raramente costumo sair de casa, principalmente a noite. Mas quando saio, minha percepção vai a mil! Vejo tudo, percebo tudo; sou capaz de lembrar de detalhes inimagináveis... das pessoas e de seus padrões, por vezes, burros e burros.
Ontem, em uma dessas idas pelas ruas, já voltando para casa, vi uma moça tão bela... meu espelho nunca me disse que eu era belo. Já ouvi relatos do meu pouco charme, da minha personalidade estranha, mas sempre, sempre fui um admirador contumaz da beleza feminina.
Quem assiste aqueles filmes de suspense, onde o psicopata observa suas vítimas, talvez tenha a noção de admiração deturpada.
O homem, enquanto hétero, vê a mulher como algo a ser conquistado, “comido”; é literalmente um troféu a mais para sua estante. É ligar, mandar mensagem, insistir até que o erro aconteça e normalmente, ele acontece. Em muitas mentes mais fracas, não que a do homem comum seja forte, essa “batida” na mesma tecla, dia após dia, deixa a mulher frágil; é como se a amolecêssemos para usufruir de seus atributos.
Um colega meu diz assim: “É feia”. Eu digo, quem não gosta, encontra qualquer defeito. Sou fã da beleza feminina... já disse isso? Mesmo assim, não posso deixar de voltar ao assunto: o quanto elas se desvalorizam. A minha visão de mulher é dicotômica, cabendo o lado materno e puro, na mesma estante do lado sexy, vulgar e amorosa. Adjetivos eu teria milhares e pouquíssimos seriam negativos.
A mulher, para mim, é perfeita, não há o que contestar. Se existe um deus e Ele fez todas as coisas, a história bíblica está errada. A mulher sendo o pecado do homem? A mulher é o mundo e tudo aquilo que o rodeia; para a humanidade, ela é tudo. É cria e a criação. É a que amamenta, a que se preocupa, a que ri e chora na TPM, é imatura para perceber, pois tão cedo e mais cedo que o homem, se torna adulta.
A mulher é pura emoção! Mas como exigir da “emoção”, critérios racionais? Difícil. Na prática, todos somos um amontoado de erros. Eu mesmo já induzi erros. Bebida, balada e bons papos. Criei ilusão? Jamais, apenas fiz o que o homem, frente a uma mulher, faz de melhor: mentir. Se me perguntassem “o que é o homem?” Eu, sem dúvida, diria: pura mentira. Somos assim, nos “passamos”. Mas aqui não é lugar de homem, é um texto de alguém que se indigna com uma maioria, que tem um papel decisivo no mundo que vivemos.
Como disse antes, a mulher é tudo na vida de um filho pequeno e na sua trajetória de vida. Não há aqui necessidade de elevar ou alçar a mulher a pedestal algum, apenas de tentar vivenciar suas dúvidas e alertar sobre sua importância.
Vejo também o quanto essa “imponderação” leva a lugares ridículos; a situações lamentáveis. A desvalorização da mulher pelo homem, pode ser natural; o homem é força, a mulher sentimento. O homem empurra aquilo que a mulher abraça!
Eu não teria um harém, mas gostaria de ter um mundo de mulheres! Amo-as! Mas não me iludo que as coisas melhorem; que se valorizem... ah, estava esquecendo da beleza. Não sei se é errado, mas é minha percepção, em ver o quanto mais bonita, menos se valoriza. Parece que é como se tivesse um véu cobrindo os olhos. Aqui, saio do lado mais genérico feminino, partindo rumo aquilo que a hipocrisia não nos deixa falar: beleza e seus padrões.
“Caralho, que coisa mais linda!” É aqui que estou, na beleza admirável. Na perturbação do sono, nas canções já compostas, na madrugada, quente ou fria, na solidão que o coração sente por aquela que se foi, por tudo e mais um pouco. O homem é lamentador profissional. É o cão que se veste da noite e sai sem rumo. A mulher não pode ser isso. Também não deve ser aquela que fica em casa esperando. Mas o principal é que cada um tem seu lugar, podem se encontrar, viver juntos, mas jamais se “misturar”.
A personalidade masculina é única e facilmente descritível. A mulher, pouco a pouco, vai se deixando levar pelo mesmo caminho. O homem é banal, bacanal. A mulher é natural, natureza de ser mãe e mulher, não deveria se encaixar na descrição cabida ao homem. Mulher é especial, não deve ser algo ou coisa. O homem é um litro, um celular tocando bruno e Marrone, tira-gosto e alguém que não lhe responde uma mensagem.
A mulher é o faraó apoteótico. A imagem e semelhança das nuvens que mudam com o vento. É o cheiro que passa. O aroma que marca. A beleza que impacta. “a música que me lembra você”. Ela é a paixão, o ser apaixonante. É dura, difícil e inalcançável. Mas é, acima de tudo, a fragilidade. É o abraço “do nada”. É como disse antes, sentimento puro.
No meio da rua, passando, bunda para lá, bunda para cá, rebola, mas sem ir até o chão. A personalidade não deve se fundir com a atitude. Defendo aqui o inalcançável? O simples e puro comedimento, a pausa para refletir. A não banalização do corpo. A valorização do sentimento, da fragilidade. Ter em si e trazer pra si, a responsabilidade que a natureza lhes deu.
Quanto mais frágil, mais preciosa. Aqueles olhos que cintilam, onde a luz passa e se perde. Mulher é amor, não é paixão. É fervor, não tesão. É poesia, música, perfume... mulher deve ser tudo, menos o que vemos por aí.
Eu já tive meus erros, em todos os tempos da vida. Já magoei, mas nunca brinquei. Levo o assunto mulher ao ponto máximo da minha breve e tola história. O bom que sou foi forjado por elas, o lado ruim, abandonado por elas.
É difícil mudar, mas é necessário.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

"No pão, no gain."

Ontem, em mais uma rodada de conversas, falávamos sobre nossa cidade e sua situação política. Sem entrar, aqui, no mérito da questão partidária e administrativa, mas mergulhando fundo no assunto “silenciar”.
Quem mora no interior, evidencia que a cidade, em boa parte, gira seu comércio em torno do poder público municipal. O gestor, independente de quem seja, tem o poder quase que... ilimitado.
Os munícipes, em sua grande maioria, ou omitem ou ignoram a real problemática que envolve a política. Muitos dos que se expressam, tem no interesse próprio, seu estandarte de luta; vão e voltam em suas opiniões e sempre tentam convergir com aquilo que, pessoalmente, lhes convém.
Poucos são os que conseguem fugir dos tentáculos administrativos. Tornando assim, qualquer embate, uma causa de cunho pessoal. Eu, por exemplo, omito-me de expressar quaisquer opiniões sobre, pois além de uma conduta antiética, pois sou funcionário público municipal, não me sinto tão apaixonado assim em defender, se é que precisa, o povo omisso e ignorante de nossa cidade.
Os que sofrem, os mais pobres, humildes, de uma forma bizarra, já se acostumaram a não ter nada; os que não sofrem tanto, os trabalhadores, ou até mesmo donos de pequenos estabelecimentos, querem apenas que o final de semana chegue. A política não os preocupa.
Os mais abastados, doutores, senhores e os que mais deveriam ser atores nessa seara política, para mim, são os mais desavergonhados, omissos e pedantes. É a pior classe municipal. São os que deveriam ter ou pôr a vaidade de lado, em expor seus bel prazeres, riquezas e sofisticações e atentar para a consciência coletiva que se esvai no sangue da ignorância e omissão.
É criminosa a situação em que vivemos. O império do silêncio se edifica até as nuvens! A omissão, a cegueira ideológia ou o interesse em um emprego é maior que a consciência de ver a situação em que vivenciamos.
Nossa cidade não tem nada. Não é nada e aparentemente, está fadada a se tornar inócua. A covardia dos “doutores” é absurda e imoral. Uns, que aparecem de tempos em tempos, outros totalmente desconhecidos, mas se dizem conhecedores da causa mortis da cidade, tentam emplacar sua cara ou sua candidatura. Preferem tudo, menos o bem da cidade.
Numa cidade tão católica, tão protestante, os fiéis, a si mesmos, são os covardes de sempre. Como disse ontem na calçada, tenho nojo, por todas as vezes, de quem faz o mal de caso pensado. Mas pior que este é aquele que se omite de caso pensado ou mente.
A história faz alusão a vários homens que conquistaram grandes coisa; nenhum deles deixou de ter algo em comum, que se chama coragem. A coragem de seguir seus ideais e abraçar seus sonhos, querendo ou não um mundo melhor.
“Dr. King”, era um mero pastor, pregava a paz em qualquer circunstância. Foi morto pela violência que o segregava, mas jamais deixou de se apoiar na paz e na resolução dos conflitos de forma pacífica. Deu a vida em favor de uma causa que acreditava. Fez tudo e além de tudo, fez a história.
Tento me revoltar em palavras, mas as poucas atitudes que eu poderia tomar, talvez não façam tanta diferença. Não tenho medo da perseguição, mas tenho medo do que ela pode me tornar. Mais dia menos dia o preço de nossa omissão será cobrado. Tento não pensar nisso, mas cada vez fica mais difícil ver tanta omissão.
Por enquanto, resta esperar que deus nos ajude, pois acho que nem sua misericórdia resolve mais.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Francisco, mãos ao alto!

Quem lhe vê, diz: "boa pessoa,
santo nas horas vagas";
observa, abençoa
Eu digo: é o "das chagas".

Dele não saem palavras,
Nele não "vale" descrer.
Cria, atura e minha saga
é ajudá-lo, quem sabe, descer.

Ele quer fugir, não aguenta?
muitas vozes escuta.
até lhe criaram uma gruta
Oh, pobre, quê mais lhe tenta?

Bom vigilante, confesso.
Não se move do sol ou chuva.
Leva consigo o que peço
e nas dores comigo madruga.

Vejo-o solitário, parado.
penso: é carne ou gesso;
sagrado, fino ou espesso;
qual seu real estado?

Filho de deus, morto,
aquele das escrituras?
Não escuta, é figura.
não é reto, nem torto.

é amor pra quem não ama.
é moradia e não clama
é tudo ao que veem lhe ver.

quem sabe um dia, libertos:
eu pelo mundo e ele do calvário,
mas pelo bem proposto e diário.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Sol com baixo em si

Infantil pessoa descrente
promíscua mágoa que deve:
ser cão solto e leve
por pouco pão e arrependido

certamente cansado e iludido
navegante em palavras e sentidos
não houve chegar a ajuda:

"valha-me, cuida!
pois aqui é sem esmero
não há de ver meu desespero
que partiu antes mesmo de chegar."

Sem intento, nem covardia
ardia o ar pelo cheiro
o mar pelo primeiro
sorriso covarde a naufragar.

ficava lá, amargurado
procurando por recados
e palavras a faltar.

fica lá, esperançoso
e sem um único gozo
que tu tantos quer dar.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

É "tutu", barão.

"Águas calmas não forjam bons marinheiros." Em meio a tal verdade, andamos em mares agitados, mas, por ignorância, achamos normal, natural e irrelevante. 
Nas minhas caminhadas diárias, os quilômetros que me separam do meu mundo habitual, abrem-me portas onde a mente divaga. É difícil não permanecer em nós mesmos, porém o agito dos carros, a centímetros, alta velocidade, é o que mais me aquieta. É como se não pudesse respirar tão profundamente ou fazer algum barulho. Há um acúmulo de resíduos nos pensamentos. É inquietante e ao mesmo tempo, suave.
Nesse vai e vem de perigos e pensamentos, a impotência diante o caos instalado, grita, esperneia, mas não sai de mim. Quero parar e não parar mais. E pior, as pessoas sempre estão lá.
Certamente, as pedras são mais sábias que nós. Assim, o caminho é forçado. As águas não dissipam-se, apenas se afastam. Há um predador na água: rápido, esguio e mortal. O interesse errôneo e a total falta de percepção, pode custar a vida. No meu caso, em pensamento, vidas.
Os nossos predadores não são atraídos pelo "sangue na água", mas produzem-no como se isso os alimentasse. O povo, em seu caminho naturalmente tortuoso, não sabe o que se passa. Ouve tiros, olha, espanta-se e depois volta a andar nessa linha perigosíssima.
Assim como eu, o povo não sabe o risco que corre ao tomar a decisão errada, baseada na necessidade de caminhar. O roncar da ignorância é tão exagerado que encobre erros e dá tempo para que estes, sejam perdoados.
Nessa estrada, cumprida, sofrida, a só, a melodia que entorpece é a mesma que mata os ignorantes inocentes. Os carros, a pista, não matam mais que a ignorância daqueles que deveriam ter consciência. Eles não tem! Querem o poder de dirigir nossos destinos, conhecem a nossa dor, mas se agrupam pelo interessante de governar, apenas. 
"É tutu, barão". É nossa vida pelo fio. São nossas escolhas, as deles e não as do acaso, que atropelam o cinismo e fazem disso um grande negócio. 
Explicar o quê e como ainda ando nessa estrada, nem eu me consigo fazer entender. Talvez um vício, mas que com o tempo, mata ou é substituído. Vamos em frente. Amanhã tem mais. "É tutu, barão ".

sábado, 11 de janeiro de 2020

ainda há ontem

Porém, no passado, arredio ao tempo,
Deitamos no mato, contemplamos o vento.
Sem vezes naquele lugar, divididos e entrelaçados,
Pensamos em não ficar:  submissos, amargurados, pelo esquecimento.
Minha intenção é matar o inimaginável. Recolher seus cacos e fazer minha cama.
Deitar relaxado, sutil, com quem me ama.
Esquecer os segundos, para não sermos os primeiros
De tantos dezembros tardios e lúgubres  janeiros.
Sou ligeiramente suspenso, sobrevoo a matilha.
Não falo o que penso, nem deveria.
Aceitei o desejo que me perfaz e arrebenta. 
Assim como vejo a maçã proibida, longe e cinzenta.
Sem mais a dizer e nem muito a declarar
Espero que você, multiplicar!
E que a nossa existência,  incompleta
Seja uma boa experiência em curvilíneas retas.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Os erros, o passado e o amanhã.

Errar é humano; permanecer no erro... Uma pequena frase e milhões de consequências. Dia desses, eu bastante incomodado pela minha acomodação, comecei a correr. Nessa época ainda não tínhamos os "runners" ou os "bikers" de hoje, era tudo muito normal. Desse dia pra cá, comecei várias e várias vezes essa caminhada, mas era um dia sim e 1 ano não; 1 dia dava vontade, noutros milhares dava arrependimento por não conseguir continuar.
Estou curado? Já caminhei e andei de bike, pouco mais de 200km. Pouquíssimo para praticamente 6 meses de bike e umas 2 semanas de caminhada. Não gosto de correr, mas caminhar é muito pior. Curei essa "preguiça" com a ideia de apenas ir, não esperar por ninguém, pois normalmente ninguém está do seu lado, mas muita gente está por perto, principalmente, quando interessa ou convém.
Hoje, não sei o dia de amanhã, já fico contando as horas pra ir caminhar meus 6km diários. É difícil, mas é um passo; 2 semanas; uma mudança notável! Nesse caminho diário, vejo muita gente que há anos está nesse mesmo percurso, caminhando talvez há uns 20 anos! Porém, é aqui que minha reflexão se apresenta: Você anda ou apenas caminha?
Nessa vida, todos nós andamos. A caminhada é mais difícil, mas muitas vezes não temos escolha, temos que percorrê-la. No terceiro dia dessa minha caminhada, no primeiro pé fora de casa, bateu aquela neblina... eu pensei: "eita que esse asfalto quente, essa neblina, é gripe!" Nem pensei e fui. Mormaço grande! Não só conclui meu percurso, fiz a minha caminhada Interessante que no outro dia 3 amigos ficaram doentes da garganta e nem foram caminhar no mormaço!
Muitas vezes essas escolhas passam na nossa frente: Ir ou não ir, eis a questão. O medo, as intempéries e tudo mais, são inerente à vida e jamais deixarão de existir. Esperar por condições perfeitas.. isto não existe!
Olhando as pedras desta caminhada, vejo milhões e bilhões de anos de história; paralisadas, mas jamais inertes, as rochas nos dão uma lição importantíssima: seja, faça sua parte, caminhe e não apenas ande.
Diante essa natureza, numa tardinha, carros indo, vindo, raspando e deixando aquele vento, a reflexão sobre tudo vai a mil! Tudo isso é risco, é a vida, que jamais luta por nós, mas caminha imponente!
Mais riscos corremos parados, estáticos; não somos rochas ricas em bilhões de históricos anos, nem temos nada parecido! O máximo, talvez, sejamos contemplados com nosso nome numa placa de rua e mesmo assim, voltaremos ao pó de onde viemos.
A glória do homem é lembrada onde ele chegou, mas só ele e apenas ele, sabe das batalhas que teve que travar para chegar ali.


Esse ano é luta pra melhorar. Um ano pra plantar, colher, comer, adubar, comer de novo. Não temos o tempo monolítico, apenas o apocalíptico e este está chegando, individualmente, a todos nós.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Que ano...

Que ano...

2020 mal começou e já estamos brigando entre si. Em casa onde não tem comida, todo mundo chora. E assim vamos, agora, brigando pelo barulho dos fogos de artifício...
Alguém já foi no hospital brigar por condições HUMANAS? Vamos lá, ver como a vida pouco se importa com barulho. Façam-se esta pergunta: melhores condições humanas, ou não importunar?
É sério, a briga da vez é mesmo essa: barulho dos fogos?
Quixadá vive uma catástrofe e não é de hoje. Passamos vergonha em toda e qualquer pesquisa de qualidade de vida ou ensino. Quantos anos já se passaram e não sai uma notícia positiva daqui? Quantos anos estamos sem emprego e renda? Sem ruas em um estado mínimo de conservação? Qual foi a última rua que colocaram 1m de pedra tosca? Nada, além de nada; mas festa...ah, aí tem briga!
Se pouco temos e realmente temos pouco, não seria melhor priorizar? Fogos ou novos colchões para UPA e hospital? Fogos ou melhoria na malha viária municipal? Fogos, festa, pão e circo, ou uma ação social que funcionasse e não víssemos tantos pedintes nas ruas? Fogos ou segurança? Educação?! Nem peço mais...
Quixadá precisa se atualizar; a população precisa de uma política positiva e não de uma selvageria que impõe, sempre ao mais fraco, a pior derrota que alguém pode ter: desumanidade. É o que vivenciamos, uma onda de “estou nem aí para nada, se não é comigo, não me importo”.
Uma cidade universitária, riquíssima em músicos, com inúmeros talentos nas artes das mais diversas áreas e que não tem um representante na câmara municipal?! Como assim? Parem de perguntar-se “que país é esse” e comecem a lamentar “que cidade é essa”.
Que tal deixar o nariz empinado em casa e começar a por os olhos na rua? Melhor, que tal deixar as aparências e colocar o dedo na ferida: somos irresponsáveis! Os somos responsáveis. A cidade está abandonada, largada às traças e nos incomodamos se fez barulho ou não.
Ah, na boa, vão se F*.