terça-feira, 9 de outubro de 2018

Tão pequeninos somos todos!

Num bosque, num longe sonho, andavam duas formigas. Poderia-se dizer que cheias de sonhos; poderia-se dizer que cheias de tanto trabalhar; poderia-se dizer que morreram esmagadas por um alce. Nesse bosque, o alce "assassino", corria tentando salvar-se; poderia-se dizer pouco daquele animal, mas uma coisa era certa: sua morte. Então, metros após levar em suas patas, dois minúsculos corpos, veio a tombar também. O caçador, num tiro certeiro, proclamou a morte e, quem sabe, justiçou as formigas.
Não tenho tempo para matar o caçador, mas me sobra vontade de falar sobre as formigas. O alce nem era pra estar na história, apareceu do nada, correndo, rompendo uma história de duas formiguinhas trabalhadoras! Ele é o mau; o caçador apenas é uma distração para a real história a ser contada: o chão que todos eles pisam.
Formado em tempos antigos, o lodo se mistura com a paisagem, dando um ar tenebroso. Nele já passaram vivos e ficaram os mortos. Crescem árvores e nelas crescem homens. Uma árvore de homens? Grandes homens entre formiguinhas. Não sabem, estes homens, o quê matam. Eles não sabem, então "perdoa-os".
Num bosque distante, num chão lamacento, nasce e morre o relento, nasce e morre o encanto. Nesse mesmo canto, das aves e dos uivos, vê-se a lua, um lago exclamante! Um casal amante e um par de formigas mortas. Um alce sem patas, tolhidas pelo caçador, que mais tarde haverá sopa; que mais tarde haverá vida. Não é ele que escolhe quem vive e quem morre, na floresta?
Mas ainda me preocupa as formigas: quem haverá de chorar por elas? Serão, terão, terrão apenas?! Tão pequenas, ínfimas no plano da vida; apenas e apenas: pequenas. Colhidas por patas e acolhidas por quem? Terão seu deus ou apenas morte? Mas se existência há, haverá de ter vida pós-morte. Porra alce, avisa que vem vindo o caçador! " Sai da frente, porra!"
Calma, gente, haverá novos capítulos. Talvez o caçador morra, por ter comido um alce infectado por formigas que vagavam no chão sujo e alheio a tudo que acontecia...