sexta-feira, 6 de novembro de 2020

 

A ideologia e a nossa política.

 

Para quem “milita” na política de forma, digamos, profissional, entender o que significa ideologia é algo tão intrínseco que se confunde com a própria existência do ser. O ideólogo, aquele que professa tal, se abstrai do mundo, externo, para adentrar e adensar ideias de um mundo seu e de iguais.

Na política, a ideologia serve para cooptar mentes que irão propor que o mundo no qual vivem, nada mais é uma, ou deverá ser, um meio para se chegar a um fim; este que é o mundo ideal, onde o partido é a causa e a causa é viver pelo e para o partido. Nada está acima disso.

Evidentemente, que da forma mais simples possível, o partido, de alguma forma, substitui a necessidade de explicar-se acontecimentos para o bem e para o mal. O partido se torna deus, sendo o líder, daquele, a representação da vontade divina.

Não há razão na fé. Deus, como muitos conhecem na vida cristã, é substituído pela força da imposição ideológica. Rasga-se toda e qualquer realidade em prol da unidade partidária. A história está incrivelmente cheia de ideologias, que vão desde as de cunho sociocultural, até as deidades.

Esse tipo de pensamento não chega a todas as pessoas. Explicar milagres divinos, em uma consonância real do dia a dia, onde mulheres engravidam do espírito santo, onde água se transforma em vinho e tantos outros milagres cristãos, é muito mais fácil, do que explicar que, por causa de uma ideologia humana, o líder mata milhões e milhões para expurgar os impuros ou dissidentes desses ideais.

A força da ideologia é muito mais forte que a própria fé. Reis mataram em nome de um poder divino; líderes de seitas, ceifaram vidas inocentes, cegando-as com promessas de um novo mundo; lideres partidários mataram, levaram e massacraram aqueles que não coadunavam com o que o partido convencionou a chamar de “CAUSA”.

E aqui que tudo se explica.

Os ditadores tem na CAUSA, seu único propósito e aqueles que seguem a CAUSA, não veem a realidade como algo que possa não ser a vontade partidária. Em outras palavras, a CAUSA tem a primazia, em qualquer sentido e em qualquer situação.

Claro que nem todos os ditadores matam em nome da CAUSA, mas toda CAUSA tem suas mortes explicadas por ela mesma, por sua simples existência. Não existe mérito, o que existe é viagem cega pelos vales da CAUSA.

Não se combate ideologias com ideologias.

A história viu, desde os comunistas marxistas, maoístas, leninistas, stalinistas, até os nacionais socialistas hitlerianos, que a CAUSA poderá ter qualquer efeito para que se concretize como o pensamento único. Milhões morreram em nome de todas as religiões, mas ninguém matou mais que o pensamento ideológico.

Para agora e para hoje, gostaria, mais uma vez, reforçar a força que a ideologia tem na mente de quem vê a realidade por sua ótica: não adianta apela para a razão, ideólogos e seus seguidores, não veem o sofrimento como algo ruim; para eles, o povo é, como era para os reis absolutistas, apenas um meio para se conseguir um fim.

A máxima de “dividir para conquistar”, talvez seja a maior verdade do mundo! Enquanto o povo viver essa realidade, essa briga( que é algo bem diferente de luta) entre os bons para o povo e os libertadores, viverá encarcerado a essa realidade mentirosa e assassina, que espalha a corrupção em nome da CAUSA; que ceifa mentes em nome da CAUSA e que destrói famílias, lares e o mundo em torno.

Vivemos uma guerra cultural, social, moral e, principalmente, ideológica, onde alguns poucos, donos dos títulos universitários ou políticos, acuam quem nem sabe que está sendo cooptado por esta mão invisível da CAUSA.

Para terminar, infelizmente, é sem jeito, para agora, esta batalha. Estamos perdidos. Gerações e gerações atrofiadas por um único pensamento, uma única ideologia, a político-partidária. Não importa quem seja humilhado, passe fome, ou viva pela “bondade” do governante, desde que tudo isso seja em nome da CAUSA, vale tudo.