sábado, 30 de novembro de 2019

meu rio

Eu ri por último 
E Não foi melhor.
Eu ri primeiro
E só foi pior.
Eu ri mais cedo 
Só vi dor 
Eu ri com medo
Do teu amor.

Eu ri sem graça 
Podre de saudade.
"Eu vi, disfarça ".
Ri da liberdade.
Eu ri mais cedo
E virei escravo 
Dos meus segredos 
E dos meus estados.

Eu ri: conceito.
Sem entender.
Eu ri com jeito
Só pra você.
Eu ri acanhado
Eu vim suave
Entendi o recado
E o meu entrave:

Eu ria demais,
Não vivia:
Sorria!


domingo, 24 de novembro de 2019

Pense um pouco...

Pense um pouco...

Qualquer relação humana é caracterizada pela 
empatia ou indiferença.
Caracterizo o verbete empatia, como sendo o sentimento de colocar -se no lugar do outro. Está é a empatia: uma experiência que transcende nosso invólucro corpóreo, remetendo-nos a alguém que está, digamos, na alça dos nossos olhos e interesses, mesmo que fugazes.
Dentro dessa empatia, o sujeito empático deve procurar compreender e se desprender de certos dogmas pessoais, na tentativa de comunicar -se com o "eu" do outro e ter uma reciprocidade.
As motivações podem ser várias e se quisermos algo de alguém, temos que nos tornar profundamente empáticos.
Ser indiferente, e aqui não trago o verbete como sendo algo antônimo a empatia, mas algo que, pra mim, serve a um único propósito, ("pela falta de interesse, descaso, atenção"), o de requisitar a empatia do leitor.
Evidencia-se, nessa esteira linguística, a sensação de unir os significados em um só pensamento, permutando, ora pelo interesse, ora pelo desinteresse; até mesmo, e talvez pelo principal, despreparo.
Nessa caixa de palavras e evidentes interesses, meus e dos leitores, procuramos, se me são empáticos ou procuro, se me são indiferentes, estabelecer o quanto as pessoas podem ser facilmente conquistadas. Ou não é o objetivo de todos sermos ouvidos?
Quem se quer fazer ouvir, grita; quem quer ser escutado, tem que empatizar.
Eis aqui o cerne desta questão: conquistar é empatia, indiferença é ausência da conquista. Não haver conquista sem empatia; não pelo menos se quisermos algo que não seja feito pelo medo ou terror.
Quem ama os amigos, parentes ou quer ser escutado, cria empatia. Já quem quer a indiferença, mas mesmo assim, ser ouvido, cria o terror e a indiferença. 
Os conceitos, as bravatas ou as indicações, são de mero formalismo. Quaisquer atitudes de quem quer conquistar são especulações permitidas, desde que tenham esse fim: empático.
A liderança vem pelo medo, sim! Mas em momento algo existirá certeza nela. Não haverá numa liderança tirana, o véu do bem-querer, e este é quem faz florescer as relações coletivas. Se vamos pelo caminho mais simples: uma caminhada pela rua, tiramos dos olhares um ou outro sentimento. O povo é empático com quem o ama e se alimenta de fazer o bem. Já se o tirano passa na rua, muitos baixam a cabeça, temem, outros gritam, esbravejam, mas sabem que a represália é certa.
E essa palavra, represália, representa o poder do tirano covarde. O tirano busca a simpatia. Trago-a como sentimento fugaz; algo que logo passa e se transforma. Não é amor, mas pode ser devoção.
A empatia é um domo, que protege os mais fracos. Ela age corretamente. Faz do sentimento de necessidade, uma voz única aos olhos de quem a vê. Não é aqui que encontramos a piedade, mas a maquinação do coração humano: pleno, latente e amigo.
Todos somos falhos. Existem-nos momentos delicados, onde apenas os olhos que nos conhecem sabem ver. Interessante que enxergar já seria um verbete usado, digamos, para quem é indiferente...
Nessas falhas e nesses tons tão cinzas da vida, nossa indiferença causa divisão, nossa empatia, solução. Longe de mim por uma pedra no assunto, mas busco a reflexão de quem apenas enxerga oportunidades e deixa de ver o que há por trás de tudo.
O ser humano é uma massa corpórea complexa; seus instintos o tornam uma máquina simples; sua vontade de ser visto não é a mesma de ser lembrado. Precisa de um pouco mais de atenção e empatia. Sem isso, está fadado a ser indiferente.
Claro que a indiferença, pra mim, é muito mais complexa que a empatia; merece sempre ser vista e compreendida.
Sou empático, mas jamais serei indiferente ao sofrimento de quem quer que seja. Não é o norte que me guia, apenas uma necessidade de fazer a máquina humana compreender-se melhor.
Dê um passo atrás e melhore aquilo que vê e depois percebe que apenas enxergava.
Volte, dê um passo a frente e crie empatia com aqueles que estão precisando.
Faça o melhor para que tudo seja mais humano.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Aquele que há.

A alvorada espanta os males;
Atrás de mim nada há, pior:
Só sinta, nada fales,
Aproveite o silêncio e só.

Senta na escada infinita,
Abuse da Minha companhia, 
Vista, veja: não há fantasia!
Nem ramos, enganos; és bendita!

E digo: enquanto for Eu teu guia,
Nesse céu de tolos e cansados,
Evite repousar magoado,
Com remorsos ou agonia. 

Sigamos descalços nessas brasas,
Que o mal dispôs no chão.
E enquanto não cria tuas asas
Disfarça a dor no coração. 

sábado, 16 de novembro de 2019

Alter ego

"Estou com raiva!" Descarregou nas redes sociais!. "Estou comendo." Tome a mostrar. Mas somos aquilo mesmo? Somos a fiel sincera forma que a imagem passa? Jamais. Assim como aquilo que mostramos aos desconhecidos, somos bem diferentes, principalmente aos olhos de quem nos conhece.
Por bem ou por mal, criamos esse alter ego social. Um ser extremo. Autoinduzido a ser perfeito em seus sentimentos. Belo ou pronto a atacar e defender. Mas no fundo, ou até mesmo no raso, somos falsos e altamente indecisos.
Há em todos nós essa necessidade desse "eu" diferente. Somos uma imagem criada, por vezes, minuciosamente. O bom marido, a boa mãe, o atencioso pastor, o caridoso a apiedar-se com os mais pobres, o político que se preocupa 24hs com a população, o amigo de todas as horas...
Passaria dias e mais dias adjetivando e não sairia do "lugar comum". 
Agora chega o perigo, o juízo: "não me vejo assim". Chegamos e estamos em negação! Ombro a ombro com o impedimento moral de nós subjugar ao olhar e ao julgo alheio. Somos isso mesmo, tão falsos? Somos. Não resta dúvida. 
Moralistas, hipócritas, falsos, péssimos com os "menores" e ótimos com os "maiores". 
Não, aqui não é o final dessa luta perfeccionista; não procuro extirpar nada, apenas tento trazer um pouco de luz e reflexão sobre aquilo que aparentando, pois isto nos faz mal.
Estamos nessa busca imperiosa, rumo a conquistas sem prêmios ou sem personas reais a nos abraçar no pódio da vitória.
Melhor seremos com menos e mais seremos conosco, se abraçamos a verdade e a realidade. Claro que as aparências e a propaganda são a alma do negócio, mas nem tudo na vida é bussines.

domingo, 10 de novembro de 2019

"Imbécil"

Minha noite começa cada vez mais cedo.
Com muita culpa e vários segredos.
Ponho a blusa, calço as meias
Tiro a sensatez e ponho a culpa:
Após mais um dia de desculpas,
Os sons que escuto e os que vejo.
Zunem como arrepios e assobios.
A noite não está mais tão quieta
Há muita maldade aqui e lá
Coisas se mexem, remetem, arremedos...
Hoje mais cedo... no meu diário..
Um quase quadragesinario, inútil.
Fútil, sim, são esses insultos.
Dor, fome, pobre, espirito!
Mas é apenas uma noite sombria.
Chega o dia, que se vê?
No espelho: você. 
Cara varrida, blusa amassada,
Calça desfiada, orelha espremida.
E mais uma vez: que temos em vida?
Só aquilo que tememos?!
Gememos por noites mal dormidas
Por coisas mal vividas
Em noites gélidas e fugazes.
Mude as frases, atropele o sujeito!
O que encontra-se sem jeito
Com seu jeito está,
Não há de mudar.
Mas a tarde, quente, crente de melhora,
Espia lá fora, corre e edifica!
Soltar pipa, jogar bola, ir na escola...
Outros tempos, mesma vida.
Outra mente? Não!
Coração diverso? Não!
O quê mudou, onde estou, no que tornei?
Onde irei, de quem gostei, porque não pensei?
É isso: excesso de compromisso 
Com quem não o mesmo me tem!
Procure e encontre, mas antes doutra noite,
Pois a mente é açoite pra quem pensa pequeno.
O vento e o sereno não irão matá-lo.
Nem aquele estalo, o susto, o coração partido.
Não há sentido de esperar mais um dia.
Alegria! Sabedoria! Maturidade.
Sim, isso e só isso é verdade:
É você, Ele, quem te ama e pedras a chutar pela estrada.