domingo, 10 de novembro de 2019

"Imbécil"

Minha noite começa cada vez mais cedo.
Com muita culpa e vários segredos.
Ponho a blusa, calço as meias
Tiro a sensatez e ponho a culpa:
Após mais um dia de desculpas,
Os sons que escuto e os que vejo.
Zunem como arrepios e assobios.
A noite não está mais tão quieta
Há muita maldade aqui e lá
Coisas se mexem, remetem, arremedos...
Hoje mais cedo... no meu diário..
Um quase quadragesinario, inútil.
Fútil, sim, são esses insultos.
Dor, fome, pobre, espirito!
Mas é apenas uma noite sombria.
Chega o dia, que se vê?
No espelho: você. 
Cara varrida, blusa amassada,
Calça desfiada, orelha espremida.
E mais uma vez: que temos em vida?
Só aquilo que tememos?!
Gememos por noites mal dormidas
Por coisas mal vividas
Em noites gélidas e fugazes.
Mude as frases, atropele o sujeito!
O que encontra-se sem jeito
Com seu jeito está,
Não há de mudar.
Mas a tarde, quente, crente de melhora,
Espia lá fora, corre e edifica!
Soltar pipa, jogar bola, ir na escola...
Outros tempos, mesma vida.
Outra mente? Não!
Coração diverso? Não!
O quê mudou, onde estou, no que tornei?
Onde irei, de quem gostei, porque não pensei?
É isso: excesso de compromisso 
Com quem não o mesmo me tem!
Procure e encontre, mas antes doutra noite,
Pois a mente é açoite pra quem pensa pequeno.
O vento e o sereno não irão matá-lo.
Nem aquele estalo, o susto, o coração partido.
Não há sentido de esperar mais um dia.
Alegria! Sabedoria! Maturidade.
Sim, isso e só isso é verdade:
É você, Ele, quem te ama e pedras a chutar pela estrada.

Nenhum comentário: