quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Darwin e a covid-19: uma lição que o mundo teima em aprender

Acredite: ninguém até hoje sobreviveu a esta vida. Nascer e morrer faz parte do pacote chamado existência.

Desde quando o mundo é mundo, o homem vive a saga de escapar da natureza. Esta, tentando, naturalmente, acabar com a raça humana da forma mais natural possível.

Com a atual pandemia, onde, evidentemente, houve um avanço significativo na mortalidade, apressando a morte de alguns e ceifando a vida de outros que provavelmente...morreriam também!

Não há como fugir da morte. Houdini, o grande mágico, não soube escapar de uma reles apendicite. Jesus, segundo Mateus, Lucas e João, também mortos! Eu, você. Deus, segundo Nietzsche! Há salvação para os seus pecados, mas não há para a morte.

E como sobreviver a um mundo que mata tudo e todos? Impossível. Do pó viemos e adivinha… pois é.

Mas certamente foi Darwin que nos deu a maior contribuição para esta vida incerta: evolução.

Em sua teoria, priorizou a tentativa, não de explicar a vida ou a morte, mas de nos alertar sobre como evoluem os seres vivos. É tipo um faroeste, onde o mais rápido, o mais forte e por vezes, o mais esperto, sobrevive até evoluir e morrer, para que outros, de sua descendência e melhor adaptados, sobrevivam mais e por mais tempo, mas nunca eternamente. 

E eis que aqui estamos, mais uma vez, lutando pela nossa existência, contra a natureza. Não há como detê-la. Nem como fazer um acordo com ela. Se ela nos quer mortos, ela terá, mais cedo ou mais tarde, literalmente.

Mas dentro dessa perspectiva evolutiva e de sobrevida, por vezes esquecemos do agora. Mal saímos do cala-bolso pandêmico e já estávamos discutindo sobre, acreditem, Carnaval. Como diria Galvão Bueno “é amigos…”

Até pouco tempo atrás, tempo que sequer pode ser posto na conta da existência humana, o nosso amado Brasil-sil-sil-sil! estava vivendo um caos sanitário. A incerteza era a grande certeza do amanhã. E quando não foi? Seria totalmente insensato exigir conduta diversa, pensar de forma diferente sobre o amanhã, pois a natureza humana é temporal, imediatista, sendo poucos que se preocupam com o “de onde viemos e para onde vamos”. 

Abro aqui um parentese para citar Nicolas Taleb, um grande cético ao futurulogismo humano, quando diz que, em minhas palavras, não há como saber quando um “cisne negro” irá acontecer.

Na visão de Taleb, um Cisne Negro é um acontecimento impossível de prever, assim como um terremoto, que mesmo que estejamos sob uma falha geológica, e a materialidade história nos prediga que ali, em outros tempos, houveram vários terremotos, é impossível dizer quando haverá outro. Este mesmo Cisne Negro, na minha visão, é como saber quando iremos morrer, impossível de exatidar.

A insegurança da vida é que faz do homem um ser pensante e reflexivo, mesmo que a grande massa da população, não faça a menor questão de ter esse instante consigo mesmo..

Naturalmente, se você parar para pensar um pouco, além do nascer do sol e o sopro da morte em nosso rosto, o que pode ser visto como certeza? 

Assim vê a maioria, que mal tem tempo para se locomover de casa pro trabalho; que relega e delega nas mãos de uma penca de trambiqueiros, seu destino político e de vida.

Independente de nossa existência, algumas coisas continuarão existindo. Independente de nossa insistência, outras coisas jamais conheceremos. Dependemos do acaso, mas jamais do casuísmo. Pois aqui digo, nada é por acaso.

Darwin jamais imaginaria que estava descobrindo a prova inequívoca da fragilidade humana. Somos tão iguais aos macacos quanto este a nós. Somos tão diferentes à existência quanto ela é a nós. Somos muito mais passageiros, literalmente, do que viajantes. Somos uma espécie em extinção em progresso, estamos nos expandindo, assim como o universo e um dia definharemos, não pelas mãos de uma doença ou deste ou daquele vírus, mas pela nossa própria natureza evolutiva.

Evoluir até se transformar em outra coisa, ou seja, sucumbir.

Nada evoluí que não seja para seu próprio fim. Esta é a humanidade que mata milhões de fome por ano. Que morre por falta, de meia hora por dia, de uma simples caminhada. Que prefere morrer a ter uma dieta correta ou que prefere não tomar uma vacina, pois esta é experimental. 

E aqui, há de se fazer uma reflexão ainda mais profunda: como podemos ser tão idiotas em achar que, mesmo ignorantes sobre como é feita uma vacina, teríamos o conhecimento de dizer que esta ou aquela é, foi ou será experimental.

Morra e não tome!

Eu não faço a menor ideia se é experimental e menos ainda sobre sua eficácia, mas eis aqui meu braço, o mesmo que tomou a BCG e carrega essa marca até o final dos tempos! Tome não, faz mal. Você vai virar um macaco ou um jacaré. 

Segundo Darwin, e alguns eleitores, isto já aconteceu...

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Vergonha: um esporte nacional.

Em 1º de Maio de 1994 o Brasil perdia um dos seus maiores ícones do esporte, Ayrton Senna. Em um trágico acidente no circuito de Ímola, o tricampeão mundial bateu seu carro contra o muro, na famigerada curva Tamburello. Uma comoção nacional/internacional se formou. Milhões choraram uma dor coletiva e irreparável. O automobilismo brasileiro jamais se recuperaria do ocorrido...

Mas o que isso tem de “Vergonha”?

Eu não saberia falar pelos holandeses ou japoneses, mas posso falar pelo brasileiro em geral que é, além de trabalhador: mentiroso, egocêntrico, “cego” politicamente e por, não raras, exceções, desonesto.

Somos o país do jeitinho. O país onde os criminosos têm vez. Onde até mesmo o esporte é motivo para sermos pelo lema nacional: Farinha pouca, meu pirão primeiro. Lema este que poderia estampar muros de casas de cidadãos comuns, até mesmo a faixada do congresso ou de certos tribunais.

Trazendo a coisa ainda mais para perto de nós, o glorioso Fortaleza Esporte Clube, passou, salvo engano, 8 anos na série C do campeonato brasileiro. Era motivo de mangofa, ridicularizado ano após anos. Isto tudo passado, com seu maior rival na série B...

Conseguem ver aqui o mote do texto? Se não, vou esmiuçar ainda mais.

O ex-presidente Lula, preso em abril de 2018, era presidente de 2003 a 2010. Após lotear estatais e se consolidar com mais de 70% de aprovação, quando saiu do governo, foi acusado de enriquecimento ilícito e afins.

Conseguem ver aqui o contexto do texto? Vamos adiante, no miúde...

Jair Bolsonaro, com o meu e o voto de quase 58 milhões de brasileiros, foi eleito presidente em 2018. De lá até aqui, o máximo que fez, pelo menos é o que dizem, foi não roubar tanto quanto seus antecessores.

Aí você se pergunta qual droga estou usando para num texto só! Colocar Ayrton Senna do Brasil! Fortaleza Esporte Clube, Lula e Bolsonaro...

Pois é, o Brasil, como todo e qualquer país, é feito de altos e baixos morais. Vemos orgulho no tricampeão, mangofa com a desgraça alheia e cegueira, ou até mesmo, escolha entre um ruim e um menos ruim!

Nos faltam opções ou “é isso mesmo”?

Ficamos animados quando nosso time ganha com gol impedido e validado pelo VAR. Fazemos malabarismos para explicar o motivo do nosso candidato, agora eleito, estar ladeado com o que há de mais fisiológico na política. Tentamos explicar e culpar, qualquer um menos o responsável, pelo preço de tudo estar caríssimo! Tentamos dizer que um único ministro do governo Lula, devolveu mais de R$ 100 milhões e o atual ex-presidiário está solto e é inocente!

Ficaria anos catalogando o “jeitinho brasileiro”, mas não há motivos para tal.

Ayrton Senna era rico pelo esforço dele. O Fortaleza chegou a ficar em 2º colocado no atual campeonato brasileiro. O Lula não é e nunca foi inocente. E Bolsonaro...é olhar o preço do supermercado.

Claro que vamos dizer que a culpa é STF, ou do muro na curva Tamburello, mas jamais diremos ou faremos nossos mea culpa por sermos cegos ou vermos que existe um limite entre nós e a realidade que é intransponível.

Senna não teve culpa pelo muro estar ali. Aparentemente, foi a barra da direção que quebrou e havia um muro e a morte.

O Fortaleza soube esperar sua hora; passou por presidente ruins, torcedores sofridos e treinadores “burros”. Mas só quando alguém veio e acertou,  este foi tratado como herói. Imediatismo.

Lula fez muito pelo povo. Fez tanto que o povo esqueceu e viu que ele e seu amigos não eram tão bonzinhos assim. E ainda dizem que: aquela justiça que condenou, era injusta. E a mesma que disse que o juiz Moro era incompetente e suspeito para julgar o ex-presidente.

Bolsonaro vai por aí, não rouba, mas também não faz. Não sei se ele é ruim, burro ou apenas incompetente.

Também não sei se não sei votar ou se não temos opções. É bater no muro ou seguir tentando. É ser correto ou ser esmagado pela falta de consciência coletiva que assola o país.

Não sei como é na Holanda ou no Japão. Dizem que a maconha é liberada na Holanda; aqui é ilegal. Dizem que políticos preferem a morte, a serem vistos como corruptos, no Japão.

Dizem que o Lula é inocente e o Bolsonaro é genocida. Ninguém no Brasil conhece a própria história, menos ainda a mundial.

Martin L. King foi preso algumas vezes por lutar pela igualdade entre negros e brancos; e era inocente.

Ele, até aqui, não havia aparecido no texto, pois o texto é uma mostra de que existem pessoas além do nosso tempo, que morrem tentando superar suas próprias limitações existenciais, no sentido de dar a coletividade um sentido de união e persistência por ideais.

Nós, humanos, somos a ralé da natureza. Consumimos tudo e destruímos até mesmo aquilo que inventamos: a moral. Fazemos coisas erradas conscientes, mas, por vezes, para o simples fato de nos dar bem sobre os outros, impondo nossa perspectiva, congratulando-nos com o errado.

Quantos Sennas surgiram? Quantos Pelés tivemos? Quantos políticos foram santos e quando nós, eleitores, tivemos razão?

Né?

Quantos jogadores foram geniais, e quantos técnicos foram burros? Os anos passam e nós vamos numa introspecção moral sem limites. Vamos até o mais baixo dos horrores, como agora, na atual situação de “caridade” dos combustíveis e da comida cada vez mais caros.

No entanto achamos normal. Vamos esquecendo os que roubaram e os que não fazem e nem roubam. Não temos mais limites para a vergonha. Este é o Brasil do centrão, que um dia foi a terra dos índios.

O que mudou de lá para cá? Ladrões, apenas; eis o que somos, uma vergonha.

sábado, 30 de outubro de 2021

Mais que o silêncio...

 


Acostumamo-nos a ouvir vozes e delas extrairmos aquilo que nós próprios temos como verdade. Ao escutar dos outros, trazemos para si experiências, por vezes, passadas de geração em geração. Assim sendo, muitos de nós, em pouco, nos diferimos do papagaio, que repete aquilo que escuta e reproduz do seu jeito.

Claro que o pobre pássaro jamais entenderá o que está dizendo, mas de alguma forma, sem empatia, ele tenta agradar aqueles que lhe dão alimento.

Conosco não é tão diferente assim. Ficamos bem com quem nos faz e traz o bem, e de mal com o oposto citado. Não somos melhores que os animais que domesticamos, apenas temos o entendimento que deve ser assim.

O animal, inato, inóspito de ideias, reflete tanto quanto o ser humano o ambiente no qual habita, transformando, por vezes, as prisões visíveis, em algo pelo qual viver. E aqui estamos diante do grande dilema: quanto somos livres?

A resposta, tal qual a pergunta, carece de sentido quando nos colocamos diante dos outros. Minha liberdade é ser livre de quê? A do animal, ao ser tirado da natureza, tem no seu “dono” o espelho no qual teria na fome e na necessidade de buscar alimento na própria natureza. Torna-se assim, o bicho, escravo de uma necessidade intrínseca a todos os seres viventes que é a sobrevivência.

Todos somos sobreviventes de algo. A nós, humanos, cabe primeiro, ser o embrião escolhido. Sobreviver a gestação e maturar durante infância e puberdade, torcendo, se é que exista alguém que o faça por nós, para que “tudo dê certo” e sejamos, ao final da vida, algo além de uma vaga lembrança no pós morte.

Ao dedicar a vida em favor de algo, estamos sempre perdidos e presos a essa dualidade, entre ser livres e viver em busca da sobrevivência, ou sermos escravos de uma existência sem liberdade.

O homem não é livre ao nascer. Jamais será em vida. Apenas a morte o liberta do divino humano e do imortal dever de viver sob o julgo alheio. Ninguém esta e nem mesmo pode, estar distante de vagar entre os anos de vida, contra tudo ou contra todos. Somos tão pobres que pensamos ser melhores do que os menos afortunados.

A existência humana se perfaz na cobiça por mais. Ao contrário do bicho que repete várias palavras, em busca de algo que ele não sabe e nem tem noção do que é, nós, humanos, vindos do ventre, jogados para a “externidade” do mundo e para nele sermos servos de contratos e preconcepções, não somos dotados da escolha.

Viver é uma prisão existencial criada pela escolha, por vezes, malfadada ao acaso. Somos humanos por acidente da natureza. Achar que exista algo além de nós, no espaço ou no “secreto e divino espírito santo”, é como se o papagaio começasse a falar sem nunca ter ouvido uma voz.

Ou você acredita que existam papagaios selvagens que falam “loirinho”?

Somos ensinados a obedecer a aquilo que desconhecemos.

Pai, mãe, família, direito, certo, moral, deus e todos mais que possamos encontrar pelo caminho, todos são limitações a nossa liberdade. Ninguém nasce livre, do ventre somos libertos e durante a vida, em algum momento, a existência se findará sem um aviso.

O homem é escravo do silêncio que ele próprio nunca aprendeu a respeitar; somos um fato que não acontece se estamos sozinhos; somos ato biológico de decisões além-mar de pessoas que chamaremos por nomes que eles mesmo aprenderam a chamar.

O papagaio ou o homem, diferentes, mas enquanto vivos, são apenas seres que repetem um silêncio nunca respeitado. Pobre de quem procura sentido em si mesmo, não encontrará, pois tudo que tem, ou lhe foi dado ou lhe foi ensinado a ter ou tomar.

A vida é isto: nada além de um silêncio não respeitado pela natureza.

 

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Sei lá


 

Leio muito, bastante mesmo. Procurando não sei o que. Mas leio, incansavelmente, procurando que a vivência dos outros me diga algo que nem eu sei o que é.

Adquirir conhecimento é algo fascinante. Repassar aquilo lido, aprendido e percebido é algo sem igual. Mas não tem efeito prático se você não transforma o mundo ao seu redor. Se o conhecimento não vai além, repassado a todos, de nada serve. É como viver sem respirar, sufoca e cansa.

Venho nestes tempos, cansado. Vivenciando cada vez menos a vida. As palavras são meu alento, suas histórias, vidas de outras pessoas, normalmente importantes, destemidas e por vezes imparáveis apenas por suas megalomanias. Ditadores, reis, príncipes e até mesmo alguém sem tanta importância, estão todos nessa busca por algo, um caminho sangrento ou apenas mais um dia de subserviência.

Estamos em tempos difíceis, tempos sem muito o que comemorar ou viver. A vivência se tornou escapar de inimigos invisíveis. Coisas com estruturas inferiores à nossa, sem consciência ou sobrevivência fora de nós.

São tempos difíceis, mas não tão difíceis quanto um dia já foram. Hoje em dia não estamos mais nos matando tanto assim, de alguma forma, o mundo “civilizado” está até mais calmo, a linha da morte, mesmo perene, leva de nós ou nos traz má sorte.

São tempos para refletir e pensar. Avançar e sorrir mais. Tempos para ouvir mais o silêncio dos que não falam ou dos que estão distantes. Tempo para refletir sobre onde e como chegamos aqui. Tempos para parar completamente e refletir.

Ando errando tanto quanto nunca. Não sou culpado por tudo, mas sou passivo e ativos dos meus erros, indesculpáveis? Não, nada é tão ruim assim, pois somos humanos e falhos, seres medíocres quando queremos ser. Somos maus? Talvez seja a nossa essência, mas não é assim que nascemos.

Com o passar dos dias vamos nos tornando, transformando em fantoches do acaso e do desagrado pessoal.

É tempo de refletir, cobrar-se, cobrar-se demais e em demasia. Tempo para parar tudo e apenas pedir por dias melhores.

A ver se meu destino é tão grande quanto aquilo que imagino que seja. Tempo de dar aquilo que nunca foi dado: suor, trabalho e sangue, se preciso for.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Na fila da vacina: uma lição de vida

 


 

Parafraseando, pessimamente, o atual presidente: Temos um povo terrivelmente ignorante; um povo terrivelmente carente; um povo terrivelmente perdido e sem rumo.

Educação é apenas boas notas ou dizer um “bom dia” onde quer que cheguemos. Mas não é só isso. Educação é algo muito mais profundo. É incrível a falsa noção que o povo tem de humildade. Nem precisa ser governante para ser humilde, basta abraçar alguns pobres e passar 45 dias sendo humilde, pegando criança no colo, bebendo água do pote e pronto! Eis um humilde.

Nem jesus é lembrado como alguém humilde! É capaz Ele chegar numa fila qualquer e se expulso por suas roupas não chamativas e humildes.

Sei lá, não sei onde vamos parar com tanta gente ignorante. A ignorância é, nesse contexto, uma falta de senso crítico. Escuto alguns, na fila, dizendo que “essa vacina dá febre, uma conhecida minha quase morre, meu marido passou muito mal (o humilde dr,), já comprei a dipirona, ei essa vacina é aquela que dá febre? Vou tomar não!”

Carecemos demais de gente bem intencionada. A classe política é uma decepção vergonhosa e vendida.

Em nossa cidade mesmo, cite um nome que luta a luta do povo? Só um que não esteja nos braços do prefeito ou querendo vir pro lado dele. Não, não temos políticos assim. Estão nas mãos dos privilégios pagos com o nosso dinheiro.

Ser político é apenas meio de vida e meio de se dar bem, ficar com os benefícios que o cargo tem. Além da faceta de ser alguém importante. Após a eleição...hum, muitas máscaras caem, outras ficam de tanto que já fazem parte do indivíduo.

É triste. Eu fico triste.

Não aprendemos nada, nada, nada!

Aprendo muito com o pouco que fico perto de pessoas desconhecidas. Percebo o quanto vivo distante da realidade que a TV lhes proporciona. Aliás, a TV é um grande desserviço, fora milhares de outras coisas que achamos que tem algum valor axiológico. Seria um pleonasmo? Sabe-se lá, mas cada um com seu cada qual.

Muitos ali na fila, jamais quebrarão as correntes e ou tirarão as vendas dos olhos, que uma educação pífia lhes proporciona. Outros apenas não sabem que ignoram. Mais uma outra parte jamais parará um instante para refletir sobre a vida e suas consequências, principalmente, o voto dado em troca de dinheiro ou alguma outra coisa de valor financeiro.

Vacina no braço, atendimento bem legal, atendentes educadas. “oi, tchau e fui”.

Após tomar a vacina, no postinho, sentei lá fora um instante. 5 minutos pensando o que passamos nesses quase ano e meio de pandemia. Gente morrendo, gente brigando por políticos e suas ideias loucas, gente procurando ter razão em alguma discussão medicamentosa, gente ficando cada vez mais distante da razão de existirmos.

Levantei, sai, cheguei em casa e aqui estou escrevendo. Um misto de revolta/felicidade, pois mesmo vacinado, a sina da morte ainda perdurará em nosso caminho. Independentemente de estar vacinado, cedo ou tarde o nosso fim estará por aí, seja pelo vírus chines, seja por outra doença, bem ou mal estamos fadados a sermos finitos.

Enquanto a morte não nos chegamos, quem sabe consigamos aplacar essa ignorância no povo. Quem sabe um dia as coisas melhorem e vejamos os mais “capacitados” olhando verdadeiramente para o povão.

Eu não sou do povo, mas prefiro estar perto de gente ignorante, humilde por natureza ou por falta de oportunidade de ser diferente, do que perto de político que “se passa” de humilde.

Um dia eu chego lá, mas nunca chegarei a ser hipócrita de dizer que sou humilde, não sou! Sou apenas, nas palavras deles, o besta e afins...

E eu já ia esquecendo: um dia, aqui nessa vida, todo mal feito é pago.

domingo, 4 de julho de 2021

Dia de missa vs dias de culto


 

Sou indiferente a religião. Elas pouco me dizem sobre deus, mas muito me falam quem são os frequentadores dos templos religiosos. Uns guardam um dia na semana, outros “adoram” o sol, uns não podem dar tantos passos num determinado dia, outros não comem certas carnes, outros tem casos de pedofilia/abuso entre seus cléricos, outros são acusados de abusar da boa vontade financeira dos fieis e eu? Ai, ai, ai...

Fico a distância, observando. Acho que já tenho defeitos suficientes para me colocar em conjunto a tanta gente problemática. Dizem-se salvos, dizem-se ungidos, falam línguas estranhas, ouvem vozes enquanto dormem, falam uns dos outros, julgam, desdenham, supõem-se melhores, mais castos, mais santos, muitos santos, aves e marias.

Não se insulte com meu texto, sou apenas um contador de histórias e sem fama alguma. Enquanto você passa a semana esperando o domingo para santificar seu santo ou a semana indo e vindo de bíblia na mão ou em baixo do braço, eu apenas observo, sou expectador, não julgo, pelo menos tento ao máximo; pelo contrário, admiro vocês que são semanais ou diários, segundários, terciários, quintários ou sabadários.

Sou apenas um observador vendo você tratar mal as pessoas e depois, em nome de deus, se unta de luz e aplaca todos os pecados da semana, como num passe de mágica.

Imagino a cara de vocês, olhando pra roupa curta do vizinho de banco, falando e nem prestando atenção no que o pastor/padre fala. Nem eles mesmo “sabem o que dizem”, muito menos o que fazem. Então porque não podemos pecar a vontade? Deus estará lá para nos perdoar...

A vocês, a mim não! Não procuro perdão, procuro não errar ou melhor, procuro não atrapalhar o que já é tão difícil que é este mundo. Um mundo perdido, caótico, católico apostólico e profano; luterano da libertação ou libertário do amor divino.

Ainda bem que as fogueiras, hoje, são apenas comemoração a são joão. Sou apenas mais um herege. Não sou da turma que bate na mulher e domingo fica de joelhos pedindo penitencia. Prepotência minha, claro, mas que é o home se não um prepotente?

Calejados estão meus dedos digitando sobre hipocrisia nossa de todo dia. Calejados estão meus olhos de ver triunfar...isso mesmo! Aquele velho e batido pensamento de alguém que você não faz a menor ideia de quem é!

Assim como Cristo, que pagou por nossos pecados na cruz, vivemos nesse mundo louco, desatinado pela perversão ou pela hipocrisia louca do homem. Homens de fé, homens do dinheiro e da luxúria que nem mesmo em tempos de desgraça coletiva, consegue se controlar; sai louco pelo mundo errante, errado, calejando a pista do ódio ou do fracasso individual.

Que tem deus em nossas vidas? Onde está, onde foi que nos deixou assim, loucos?

Teria ele morrido...isto é certeza, pois num mundo como o nosso, do jeito que está e sempre foi, difícil achar que aja algo infinito de bondade. Que deus me perdoe, mas neste mundo, Ele habita e nos olha de longe, não por vergonha de Sua criação, mas por nos ver tão distantes Dele.

domingo, 27 de junho de 2021

Onde os pobres não tem vez

 


 

Saia eu para uma boa pedalada rumo ao cedro, quando, ainda na saída de casa, me deparei com uma cena, a princípio, normal: uma moça com uma senhora conversando. Não ouvi o que falavam e até não tinha porque dar importância. A senhora era um gari da prefeitura, fazendo o seu trabalho honrado e que muito admiro, principalmente pelas condições que tal trabalho se dá. Sempre expostos ao sol e ao relento, normalmente invisíveis, mais normalmente ainda lembrados, quando tem seus salários, miseráveis, atrasado por total irresponsabilidade do poder público.

Dito isto, prossegui minha ida até meu destino: Partiu cedro! Entre um buraco e outro; entre carros, sol no rosto, vento forte e afins, fui indo no meu caminho. Gente bem vestida fazendo seu “cooper”, tênis dos melhores, alguns bikers também, outras pessoas nos bares, curtindo a vida adoidado como se o tempo não existisse.

Cheguei no cedro, lugar onde não podemos mais subir com a bike, nem que seja empurrando, tomei um folego, bebi uma água, vi gente chegando, gente tirando foto. Tirei aquela selfie top. Puxei conversa com uma desconhecida, comentando justamente a situação de não podermos subir com a bike... enfim, subi na bike e voltei.

O interessante de todo este relato, foi visto na volta. Eis que quem me reaparece? A senhora, gari, e a mesma moça. Desta vez, claro, tive que tirar conclusões: provavelmente eram mãe e filha, provavelmente estavam conversando sobre um assunto importante, ou então, era apenas a filha esperando a mãe terminar o serviço e ir pra casa, juntas. De qualquer forma minha mente foi além daquilo visto naquele momento...

Vi, que a prefeitura passou a semana, não sei se em tom de homenagem ou coisa do tipo, pois procuro não opinar sobre coisas que, primeiramente, acho desnecessárias, e segundo, discutir certos assuntos, onde quem não é cegamente a favor da exposição da sexualidade alheia, ou do trato incondicional de que existe quase que um extermínio de uma determinada raça, é ou racista ou racista.

Como disse, vivenciamos ainda uma pandemia. Algo concreto, algo que levou a morte milhares de pessoas e de uma forma ou de outra, mudou a vida de todos nós, sejamos heteros ou não. Nessa esteira, os pobres certamente ficaram mais pobres, mas não acredito que os “intolerantes” tenham ficado mais intolerantes.

Costumo não ver pessoas e cores. Sou do tempo em que “negão” era nome e sobrenome do meu pai, sem mi-mi-mi e essas coisas de hoje em dia. Fora isso, será que com essa compartimentação social, nos tornamos mais “tolerantes”? O mundo é um lugar melhor só porque agora temos o arco-íris como bandeira nacional?

Não entendo, não compreendo e não vejo como isso seja importante. Para mim é muito mais uma questão política, para angariar votos e eleitores, do que um real comportamento de se importar com determinada causa. Nem vou entrar aqui na velha e batida questão de “dividir e conquistar” ...

Nessa mesma questão de compartimentar determinado seguimentos sociais, poderíamos passar pelos defensores dos cães, gatos, cobras e todo tipo de bicho que podemos trancar em casa e chamar de “meu bebê, filhinho”. Mais uma vez não critico que acha que temos problemas de menos e tem seu tempo de dar mais importância a bichos do que a pessoas.

Claro que sai do cerne do texto, mas contextualizar tudo que acontece ultimamente, além de cansativo, é depreciativo, no sentido de realmente valorizar os problema reais.

A pobreza é o único problema real que existe. O resto é invenção da cabeça dos homens, normalmente ricos e poderosos, que tem inteligência o bastante para gerenciar tipos sociais e ver neles apenas uma boa oportunidade para angariar votos.

Sendo a pobreza o grande problema real, qual a atual programação do poder público para ir de encontro a pobreza? Qual a semana do GARI? É só um café da manhã e pronto? É só uma foto de começo de gestão e pronto? Infelizmente é só isso.

Aquela garota que andava pelas ruas com a mãe, jamais poderá desfrutar das beneficies de uma sociedade doentia e avarenta como a nossa; ou ela “rala” muito, quebra milhares de barreiras, ou será apenas mais uma na multidão. Não teremos a semana dos filhos dos garis, nem muito menos teremos bolsas de estudos bancadas para crianças de baixa renda.

O plano é não ter plano. O plano é apenas fazer de conta que o problema é de ordem sensorial, onde cores, sejam a do arco—íris ou negros e brancos, são estigmas a serem combatidos.

Eu vejo o céu azul, o sol amarelo, as nuvens brancas ou cinzas, mas nunca vi um gari com bota nova, roupa limpa e os filhos com grandes oportunidades.

Desde já deixou claro que este texto não é uma crítica a quem quer que seja, mas apenas uma reflexão de alguém que acha que todos somos iguais em diferentes formas e sentidos. Respeito por demais o ser humano. Tento ser o meu melhor, fazer o melhor e principalmente, não sendo um problema a mais para um mundo já tão problemático.

Vamos em frente, pois lutar é a única opção. Parabéns aos garis, parabéns aos brasileiros que trabalham de forma humilde, que por vezes nos são invisíveis, mas que fazem nosso mundo funcionar. Este trabalhador, humilde, é o verdadeiro merecedor de nossa atenção e dedicação.

terça-feira, 22 de junho de 2021

O que é presença?

 


 

O dicionário diz que PRESENÇA é “fato de (algo ou alguém) estar em algum lugar”. Em tempos como os de hoje, se é que um dia foram diferentes, onde a morte paira em cada olhar e se debruça, por vezes, em nosso imaginário, estar presente é estar vivo entre os vivos; no caso, ter escapado da pandemia.

Mas será que damos tanta importância assim a vida? Estamos realmente presentes em todos os dias frente aos nossos entes ou até mesmo as demandas da sociedade? Será que somos tão oniscientes, pelo menos em pensamento, em achar que cada centímetro da nossa existência é necessário à nossa presença?

Perguntas assim, de cunho filosófico, não são menos existenciais do que as pessoas que sequer nisso pensam: na existência presente. É comum, normal, achar que um abraço ou uma ligação telefônica, em vídeo ou coisa do tipo, seja um estar presente. Eu vejo, logo sinto; e se sinto, é porque estou vendo. Nada mais nos deixa distantes! Somos e vivenciamos o realismo distante e presente.

Lembranças são acessadas ao toque dos dedos; baixadas, compartilhadas, filmadas e afins. O tempo e o tempo todo estão na linha do tempo das redes sociais. Sorrisos cada vez mais brancos são presenças cada vez mais nítidas? Mais pixels, mais nitidez, mais poder de estar?

São muitas perguntas e um 100 número de respostas.

Tantas lembranças assim me dizem que os tempos não mudaram, mas sim a nossa percepção de ESTAR. Deixamos de ser carne e osso e cada vez mais nos tornamos digitais. O que ontem era apenas passado, pode ser visto na palma da mão. os sentidos humanos estão sendo substituídos pela onipresença das máquinas. Teremos mesmo uma revolução cibernética?

O que no começo do texto era apenas uma palavra, PRESENÇA, agora se torna uma coisa eterna, digital.

Todo dia o Facebook me lembra do que aconteceu há 1 ano, 7 anos! Será que eu quero lembrar tanto assim? Será que queremos estar tão presentes em tantos passados diferentes? Será que temos capacidade de ficar lembrando e lembrando diariamente de pessoas e coisas? A vida deixou de ser contínua e tênue e virou rígida e “lembrável”? Ver entes que não estão mais entre nós, diariamente, não nos traz saudades demais? É bom vivenciar cada vez mais o passado?

Estar presente deveria ser pelo tempo que for e não pelo tempo de nossa existência. Estar presente ou presença, deveria ser mais breve, porém mais forte. Nossa fortaleza de pensamentos está cada vez mais frágil, não pelo tormento da lembrança contínua, mas pela banalização a presença.

As lembranças, boas ou ruins, deveriam ir e vir em nossas mentes e não em nossas telas. Desapegue-se do agora e viva o daqui a pouco. Coloque um pouco de expectativa para o daqui a pouco, fique ansioso, viva! É bom lembrar de quem já não está aqui entre nós, é melhor ainda lembrar daquela viagem ou daquele abraço, mas que seja em nossa mente humana e não na onipresença cibernética dos bits.

Nada melhor que a lembrança de um cheiro ou de um abraço dado. Somos tão humanos que por vezes esquecemos de esquecer o quanto é bom ter uma lembrança. A humanidade carece de um forte abraço e de lembrar quão éramos aconchegantes.

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Os paços que escuto

 


 

Se fechar os olhos, mesmo que não precise, escuto os paços dos que passam e dos que passaram. Reconheço-os só de ouvir, seja na memória, seja agora.

Alguns desconhecidos, são apenas sons vindos de fora; até mesmo alguns que entram, entregam e saem, sem muito dizer. Porém, a maioria, seja dos vivos e dos mortos, passeiam pela mente, dizem a que vieram e quem são.

Não conhece o seu amor só de ouvir seus passos? Os passos são seguidos, contínuos ou continuados, mas nunca iguais, mesmo que sejam da mesma pessoa. Há passos mais fortes, outros mais vagarosos; uns se arrastam, outros apenas passam.

Há aqueles de saudade em ouvi-los! Já vinha me dar um carão ou mandar fazer algo, mas que hoje são apenas lembranças. Quem nunca se escondeu ao ouvir tais passos que o tempo levou? Que nunca temeu as notas ruins do boletim escolar? Quem nunca se apressou no banheiro, no chuveiro ou no quintal?

“Vem vindo alguém, corre!” Essas lembranças são passadas, mas são de um ininterrupto presente. Hoje, quem sabe, eu volte a sonhar com tudo isso! Que foi apenas um engano do tempo de agora, pois estão todos por aí, andando entre nós.

Serão almas ou serão sermões? Não sei, mas as escuto todos os dias. Quem me garante que são realmente de verdade e que não são apenas imaginação?

Lá fora, além do barulho, aqui dentro, além dos gritos, a saudade se distancia da realidade num passo que nunca para. “Este foi dele”, “aquele é de alguém”! Todos caminham sem findar, imemoriais, eternos, sejam eles de um ou dos outros.

Está ouvindo? Estão passando, um por vez, um atrás doutro e doutro, num compasso sem música, numa marcha singular. São vários, várias, variados, visões que meus ouvidos não param de escutar. São muitos, todos os dias, eu sei...