domingo, 31 de março de 2024

Atenção, prefeito!

 

Eu poderia contar mil histórias que vi e outras tantas mil que me contaram. Mas irei me ater aos fatos atuais...pelo menos tentarei. Sei que são poucos que param para ler algo que tenha mais que 3 palavras. E certamente está é a maioria da população, até porque, poucos são aqueles que não são analfabetos funcionais, ou seja, leem, mas não sabem interpretar o que leram.

Estaria eu chamando o povo de burro? Não, apenas que a maioria não tem condição de ver além das paixões, no caso, políticas. 

Sou um cara chato, amargo, ranzinza, besta, desocupado e tantos outros adjetivos que você possa me descrever. Como eu disse certa vez a um, já falecido, ex-primeiro-ministro da cidade: “se você parou pra ouvir alguém falar mal de mim, acredite nele e não na nossa amizade”.

Pode parecer meio confuso, mas logo chegarei ao ponto. Pronto, o ponto chegou.

Quando se é prefeito de uma cidade onde as paixões políticas são o que movem as peças do tabuleiro, de damas, pois xadrez é algo incompreensível para estes atores, uma miríade de gente se encosta no prefeito. Gente que chamava ele ou familiares de assassino, de trambiqueiro e outras tantas coisas!

Mas é aqui que existe o grande equívoco, que já vi acontecer...”10, 10!” Existe, e o governante não resiste, o gracejo do poder. Para simplificar: quem não gosta daqueles lhe abanando, servindo uvas, enquanto você pensa que é o imperador que tudo pode e tudo sabe!

O ser humano é vaidoso, pois ninguém gosta de alguém falando mal de você. Então, o que o prefeito faz? Para evitar o processo judicial: chama aí todo mundo que ama nossa cidade e não se importa com cargos, dinheiro e outras coisas mais, e vamos fazer uma grande coalizão pelo bem de Quixadá! Eita, imagina aí se isso fosse verdade, esse amor pela cidade...ah, aqui seria a Suíça.

Mas sejamos sinceros, isso é quase irresistível! Aí, onde você anda todo mundo aplaude, quer tirar foto, fica gritando “já ganhou, já ganhou!” ..., porém, vem o vento e derruba a casa construída na areia, vem a chuva e leva o sonho da casa própria construída em qualquer lugar e de qualquer jeito!

Culpa do povo? Não, pois acredito que todos querem uma casinha para morar, mesmo que ela seja dentro da lama ou em um lugar onde não existe esgoto ou calçamento! É como muita gente vive aqui na cidade. E o prefeito, tem culpa? 

Eu era menino e já entrava água nas casas da rodrigues jr. Eu nem sabia que existia rodoviária e já entrava água lá também, rua padre Cicero, sem milagres, e tantas outras localidades que eu não faço a menor ideia onde são, mas que entram água também! E a culpa é de quem joga lixo nas ruas? Meu povo, é querer esticar demais a baladeira. Mas digamos que fosse, que todos fossemos uns verdadeiros porcos e estamos saindo na mesma hora, todo dia e o dia todo para jogar lixo nas ruas...ninguém fiscaliza a população jogando lixo nas ruas?

Mas voltemos ao fato principal que é o descolamento da realidade. Como eu disse, eu conheço o centro do poder e como ele funciona; já estive lá, infelizmente. Sei como é, onde fica e como funciona. Só que o atual prefeito tem um grande problema: ele não tem mais a rádio para avisar que está faltando, digamos, por exemplo, gaze no posto ou que o dr fulano de tal não apareceu, ou que o carro do lixo não passou na rua sei que lá ou se a cidade está uma buraqueira só!

Ao não ter ninguém criticando, seriamente, perde-se a perspectiva da realidade; e este é um mal que o poder traz, pois ninguém quer se indispor, ninguém quer falar a verdade e a realidade das ruas esburacadas ou daquele serviço seboso do intertravado. O cedro, ou o caminho até chegar lá, vira problema do estado, e os alunos da Fadat? São coisas e mais coisas que existem, mas não falam.

E aqui não é alguém que deveria ter ódio do prefeito, pelo contrário, nutri a esperança nele tanto quanto muitos que dele se afastaram. Como eu disse, é babão demais num canto só, e meu pai já dizia: quem muito se abaixa...e eu não tenho essa vontade de me abaixar para ninguém.

Prefeito, farei este texto chegar a você, não porque quero o seu bem, mas por lembrar o que eu, como servidor público municipal, passei quando o PT esteve no poder. A humilhação de todo jeito, o esculacho, a grosseria e a falta de respeito que esse povo tinha comigo e com aqueles que eram “contra”. Se fosse contar aqui, dificilmente alguém acreditaria, mas é algo que passou e eu espero não passar mais por aquilo.

Dr. Ricardo, já fui seu fã. Já fomos amigos, pelo menos da minha parte eu o considerava como da família. Porém, grandes homens se juntam para fazer o bem, enquanto homens pequenos se separam para fazer o mal um ao outro. Este que vos fala, sabia das suas boas intenções e até hoje não duvido delas, mas muitos desses que estão a sua volta, ao seu redor, rondando-lhe como as hienas fazem quando estão para comer o grande leão ferido, querem apenas o bem próprio, não se importando com a população que tanto gosta de você.

Reaja, pois ainda dá tempo. Pare com essa de “já ganhou, pam pam pam”. Isso é coisa de menino mimado que não está nem aí se o circo pegar fogo! E inteligente como sei que você é, veja um dado importante: desde que o ex-prefeito Ilário Marques saiu e entrou o Dr. Rômulo, ninguém se reelegeu. O próprio Romulo, depois o 10, 10, tivemos o Ci, depois Ilário, João Paulo por alguns meses, Ilário e você. Esse balanço político diz algo que é muito nítido: muitas lideranças trocam de lado por esse "amor a Quixadá". Muita gente não tem vergonha de lhe chamar de vagabundo hoje e amanhã está de braços e abraços com você.

Eu sei e você sabe que eu estou falando, não a verdade, mas a realidade. Se afaste desse sol maravilhoso que é a vaidade e se curve diante da necessidade do povo que o elegeu. Tem gente do seu lado que está apenas ao seu lado, mas que só conhece o próprio lado. Como disse, eu poderia ficar calado e fazer de conta que está tudo bem, pois de certa forma, é mais fácil ficar calado do que falar esse tipo de coisa; é mais cômodo e talvez, mais seguro.

No mais, espero que aqueles que estão passando necessidade, com os alagamentos, tenham melhor sorte e que nós, privilegiados, consigamos nos ajudar, vendo o que é preciso ser feito para melhorar a vida da população. 

Melhor tirar a venda e sofrer, do que continuar vendado e continuar sofrendo. Quixadá merece mais.

segunda-feira, 11 de março de 2024

Certa vez, em 2013…

 

Não “era uma vez”, nem um talvez, foi uma vez e não apenas naquele momento, mas em muitos outros. Vínhamos em 4 conversando sobre política e coisas afins e de repente Pedim disse assim: “mah tu já imaginou, eu sem sinal numa época dessa”...e continuou: “mas imagine aí como era em 90 e tanto que não tinha nem celular e nem internet”.

pois é, imaginemos…

O que vivemos hoje, em termos…aliás, em todos os termos, hiperconectados, nos faz mal e um mal sem precedentes na história da humanidade. E eu pergunto: onde vamos para com isso? Tudo, hoje em dia é comunicado, é dado notícia, é postado, curtido, compartilhado e mais uma infinidade de outras coisas; mas de certa forma, é apenas uma forma de pedirmos socorro de nós mesmos!

Quem hoje em dia é capaz de sair de casa, primeiramente, sem levar o celular? Só isso já soaria esquisitíssimo! Mas quem é capaz de, estando com o celular, não fotografar um almoço ou uma simples caminhada? impossível! Como eu disse antes, nós nos acostumamos a dar notícia de tudo que fazemos e onde estamos. Mas eu te pergunto: onde estamos?

Não estamos bem, com toda certeza. E cada dia mais, cada vez mais, aquilo que deveria ser um milagre do mundo tecnológico, se tornou, literalmente, uma algema digital. Tenho 43 longos anos e sou incapaz de dizer quando estive sozinho comigo mesmo por mais de 24hs! É quase que uma insanidade imaginar algo assim, e pior, se você “some”, provavelmente ninguém “dará fé” do seu sumiço…ou do meu, sei lá.

Porém, uma coisa é certa: ninguém nunca me ligou dizendo que eu havia ganhado na loteria ou, menos ainda, ninguém nunca me mandou uma mensagem dizendo: estou aqui e me importo com você. Acredito que nos damos importância demais, demasiadamente. O mundo, claro!, continua girando independente de sabermos disso ou daquilo ou se vimos a última postagem de quem quer que seja! A natureza humana pede, e a humanidade se autoignora.

Sim, fazíamos isso diariamente, nos importávamos uns com os outros, ao ponto de ir na casa das pessoas! E pasmem, sem avisar antes. Deixa eu explicar como era: toc toc, e aí!!!! A mágica acontecia. Claro que cada um tinha seu ritual de encontrar-se fisicamente com os amigos, e para o espanto de todos, conseguir prestar atenção no que as pessoas amigas diziam, sem desviar o olhar para a tela do celular.

Sim, o celular é meu inimigo. Como disse meu amigo: “já imaginou um negócio desses?” Imagino todo dia…o que eram notificações em 1990? Acredito que poucos de nós saberíamos usar tal palavra em um contexto bem extenso… nesse tempo, tínhamos até apelidos, não éramos tão brancos ou negros, nem tão lgbt…o mundo era analógico e o amor era muito mais do que esta palavra tão esquecida. Sim, o amor existia sem que precisássemos “dar notícia” dele.

Saudosista demais este rapaz? Com toda a certeza! Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que estou pensando seriamente em abandonar esta tela. É o vício dos vícios! É literalmente a amplificação do vício. Beber? Vamos marcar. Jogar? Vamos marcar. Sexo, drogas e nem o rock and roll existem mais! “Esquema”? era esperar passar em frente ao colégio ou na calçada. Tudo fazia sentido e nada precisava ter sentido. Nossa conexão era lenta, porém, duradoura. Nossa necessidade de mais e mais e mais e melhor e pior e sei lá mais o que, era apenas quando as coisas estavam muito ruins…

Sim, a humanidade falhou. Estamos condenados a vagar pela tela super amoled ultra-hd gorilla glass infinito! O homem se tornou mulher, a mulher perdeu a graça e a "minha nossa senhora", só deus sabe!

Talvez, se eu saísse agora da tela, eu melhorasse como pessoa e melhoraria em pessoa. O “eu” nunca esteve tão presente entre, literalmente, nós. Vamos tentar viver sem? Se a resposta for "impossível", lamento, pois padecemos do mesmo mal. quem sabe diminuir e aumentando a ausência do aparelho...quem sabe consiga, sei lá. Tentamos ou está bom assim mesmo? Enfim, a vida é aquilo que acontece ao nascermos. Viver é aquilo que se faz antes de morrer. Então, cada um escolhe como viver.

Vivemos a ampliação do nosso ego, em detrimento da busca de sentido que a vida deveria ter. Concorde ou não, está é minha opinião. Certo ou errado, nem o tempo dirá...