quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Darwin e a covid-19: uma lição que o mundo teima em aprender

Acredite: ninguém até hoje sobreviveu a esta vida. Nascer e morrer faz parte do pacote chamado existência.

Desde quando o mundo é mundo, o homem vive a saga de escapar da natureza. Esta, tentando, naturalmente, acabar com a raça humana da forma mais natural possível.

Com a atual pandemia, onde, evidentemente, houve um avanço significativo na mortalidade, apressando a morte de alguns e ceifando a vida de outros que provavelmente...morreriam também!

Não há como fugir da morte. Houdini, o grande mágico, não soube escapar de uma reles apendicite. Jesus, segundo Mateus, Lucas e João, também mortos! Eu, você. Deus, segundo Nietzsche! Há salvação para os seus pecados, mas não há para a morte.

E como sobreviver a um mundo que mata tudo e todos? Impossível. Do pó viemos e adivinha… pois é.

Mas certamente foi Darwin que nos deu a maior contribuição para esta vida incerta: evolução.

Em sua teoria, priorizou a tentativa, não de explicar a vida ou a morte, mas de nos alertar sobre como evoluem os seres vivos. É tipo um faroeste, onde o mais rápido, o mais forte e por vezes, o mais esperto, sobrevive até evoluir e morrer, para que outros, de sua descendência e melhor adaptados, sobrevivam mais e por mais tempo, mas nunca eternamente. 

E eis que aqui estamos, mais uma vez, lutando pela nossa existência, contra a natureza. Não há como detê-la. Nem como fazer um acordo com ela. Se ela nos quer mortos, ela terá, mais cedo ou mais tarde, literalmente.

Mas dentro dessa perspectiva evolutiva e de sobrevida, por vezes esquecemos do agora. Mal saímos do cala-bolso pandêmico e já estávamos discutindo sobre, acreditem, Carnaval. Como diria Galvão Bueno “é amigos…”

Até pouco tempo atrás, tempo que sequer pode ser posto na conta da existência humana, o nosso amado Brasil-sil-sil-sil! estava vivendo um caos sanitário. A incerteza era a grande certeza do amanhã. E quando não foi? Seria totalmente insensato exigir conduta diversa, pensar de forma diferente sobre o amanhã, pois a natureza humana é temporal, imediatista, sendo poucos que se preocupam com o “de onde viemos e para onde vamos”. 

Abro aqui um parentese para citar Nicolas Taleb, um grande cético ao futurulogismo humano, quando diz que, em minhas palavras, não há como saber quando um “cisne negro” irá acontecer.

Na visão de Taleb, um Cisne Negro é um acontecimento impossível de prever, assim como um terremoto, que mesmo que estejamos sob uma falha geológica, e a materialidade história nos prediga que ali, em outros tempos, houveram vários terremotos, é impossível dizer quando haverá outro. Este mesmo Cisne Negro, na minha visão, é como saber quando iremos morrer, impossível de exatidar.

A insegurança da vida é que faz do homem um ser pensante e reflexivo, mesmo que a grande massa da população, não faça a menor questão de ter esse instante consigo mesmo..

Naturalmente, se você parar para pensar um pouco, além do nascer do sol e o sopro da morte em nosso rosto, o que pode ser visto como certeza? 

Assim vê a maioria, que mal tem tempo para se locomover de casa pro trabalho; que relega e delega nas mãos de uma penca de trambiqueiros, seu destino político e de vida.

Independente de nossa existência, algumas coisas continuarão existindo. Independente de nossa insistência, outras coisas jamais conheceremos. Dependemos do acaso, mas jamais do casuísmo. Pois aqui digo, nada é por acaso.

Darwin jamais imaginaria que estava descobrindo a prova inequívoca da fragilidade humana. Somos tão iguais aos macacos quanto este a nós. Somos tão diferentes à existência quanto ela é a nós. Somos muito mais passageiros, literalmente, do que viajantes. Somos uma espécie em extinção em progresso, estamos nos expandindo, assim como o universo e um dia definharemos, não pelas mãos de uma doença ou deste ou daquele vírus, mas pela nossa própria natureza evolutiva.

Evoluir até se transformar em outra coisa, ou seja, sucumbir.

Nada evoluí que não seja para seu próprio fim. Esta é a humanidade que mata milhões de fome por ano. Que morre por falta, de meia hora por dia, de uma simples caminhada. Que prefere morrer a ter uma dieta correta ou que prefere não tomar uma vacina, pois esta é experimental. 

E aqui, há de se fazer uma reflexão ainda mais profunda: como podemos ser tão idiotas em achar que, mesmo ignorantes sobre como é feita uma vacina, teríamos o conhecimento de dizer que esta ou aquela é, foi ou será experimental.

Morra e não tome!

Eu não faço a menor ideia se é experimental e menos ainda sobre sua eficácia, mas eis aqui meu braço, o mesmo que tomou a BCG e carrega essa marca até o final dos tempos! Tome não, faz mal. Você vai virar um macaco ou um jacaré. 

Segundo Darwin, e alguns eleitores, isto já aconteceu...