quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

"No pão, no gain."

Ontem, em mais uma rodada de conversas, falávamos sobre nossa cidade e sua situação política. Sem entrar, aqui, no mérito da questão partidária e administrativa, mas mergulhando fundo no assunto “silenciar”.
Quem mora no interior, evidencia que a cidade, em boa parte, gira seu comércio em torno do poder público municipal. O gestor, independente de quem seja, tem o poder quase que... ilimitado.
Os munícipes, em sua grande maioria, ou omitem ou ignoram a real problemática que envolve a política. Muitos dos que se expressam, tem no interesse próprio, seu estandarte de luta; vão e voltam em suas opiniões e sempre tentam convergir com aquilo que, pessoalmente, lhes convém.
Poucos são os que conseguem fugir dos tentáculos administrativos. Tornando assim, qualquer embate, uma causa de cunho pessoal. Eu, por exemplo, omito-me de expressar quaisquer opiniões sobre, pois além de uma conduta antiética, pois sou funcionário público municipal, não me sinto tão apaixonado assim em defender, se é que precisa, o povo omisso e ignorante de nossa cidade.
Os que sofrem, os mais pobres, humildes, de uma forma bizarra, já se acostumaram a não ter nada; os que não sofrem tanto, os trabalhadores, ou até mesmo donos de pequenos estabelecimentos, querem apenas que o final de semana chegue. A política não os preocupa.
Os mais abastados, doutores, senhores e os que mais deveriam ser atores nessa seara política, para mim, são os mais desavergonhados, omissos e pedantes. É a pior classe municipal. São os que deveriam ter ou pôr a vaidade de lado, em expor seus bel prazeres, riquezas e sofisticações e atentar para a consciência coletiva que se esvai no sangue da ignorância e omissão.
É criminosa a situação em que vivemos. O império do silêncio se edifica até as nuvens! A omissão, a cegueira ideológia ou o interesse em um emprego é maior que a consciência de ver a situação em que vivenciamos.
Nossa cidade não tem nada. Não é nada e aparentemente, está fadada a se tornar inócua. A covardia dos “doutores” é absurda e imoral. Uns, que aparecem de tempos em tempos, outros totalmente desconhecidos, mas se dizem conhecedores da causa mortis da cidade, tentam emplacar sua cara ou sua candidatura. Preferem tudo, menos o bem da cidade.
Numa cidade tão católica, tão protestante, os fiéis, a si mesmos, são os covardes de sempre. Como disse ontem na calçada, tenho nojo, por todas as vezes, de quem faz o mal de caso pensado. Mas pior que este é aquele que se omite de caso pensado ou mente.
A história faz alusão a vários homens que conquistaram grandes coisa; nenhum deles deixou de ter algo em comum, que se chama coragem. A coragem de seguir seus ideais e abraçar seus sonhos, querendo ou não um mundo melhor.
“Dr. King”, era um mero pastor, pregava a paz em qualquer circunstância. Foi morto pela violência que o segregava, mas jamais deixou de se apoiar na paz e na resolução dos conflitos de forma pacífica. Deu a vida em favor de uma causa que acreditava. Fez tudo e além de tudo, fez a história.
Tento me revoltar em palavras, mas as poucas atitudes que eu poderia tomar, talvez não façam tanta diferença. Não tenho medo da perseguição, mas tenho medo do que ela pode me tornar. Mais dia menos dia o preço de nossa omissão será cobrado. Tento não pensar nisso, mas cada vez fica mais difícil ver tanta omissão.
Por enquanto, resta esperar que deus nos ajude, pois acho que nem sua misericórdia resolve mais.

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