quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

LÚGUBRE

Pousa à réstia desta obra
O opaco doce do veneno.
Vem me busca?! Já fui pequeno.
Sou pouco agora que me sobra.

Bem aqui. Vem no meu rumo.
A luz. A cruz... (sinais).
E até um sopro leviano,
Há de levar-me em paz.

Passo eu às mãos do homem
Caído. Insultado! Calejado.
Quem toca meus pés?
Quem não é mais?

Desejei, assim eternamente,
Que fosse o último golpe meu
Enganar o cortejo da morte
E a morte achar que era eu.

Ali deitado em berço fúnebre
Entôo o canto do riso;
Se enganar me foi preciso,
Aos vivos lúgubre o dia deixei.

Blá-blá-blá, mais alguma crendice?
Nada declaram e lá me vou!
Libertar-me da imundice,
Que vivem os dos que não sou.

Pousa? Obra? Veneno? Homem?
Vou atrás dos longos mares,
E quem sabe ensinar-lhes
Sobre cruzes, réstias e sombras!

Nenhum comentário: