quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ameaça de chuva

Estavas caída, sem que houvesse vida.
A lágrima, na chuva, mal se via...
Minha mão leve, entre a sua retorcida,
Era o teu amparo, agora, noite e dia.

Eu era a tua morada, o teu amanhã.
Nascia ao teu lado; eu era Deus.
Tudo por ti fazia, na tentativa vã
De acalmar as dores dos olhos teus...

Alucinados pela luz que se perdia
Nas mil instâncias ia meu querer,
Antes de alcançar a longa via
Eu já pensava em ti perder.

Fiz-me; faço-me! Sou um pobre.
Estavas... Estavas... Agora és forte.
Quem tivera, em mim, o norte

Agora vai a própria sorte
Deixando o amor mais nobre
A quem eu possa ajudar quem sabe.

Mas se eu, que um dia fui teu santo
E passei dias e dias no pecado,
Olhando teus olhos; vendo teu canto

Dobro o destino, guardo teu manto.
Vendo a alma impura e domesticada...
Sinto por vezes a mesma chuva;

A mesma chuva me bate a porta.
Batendo a porta, pedindo abrigo
Terás castigo, e de mim nada.

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