terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Então é

Então é...

Aproveitando o ensejo para desejar... um 2020 menos conectado! É incrível o quão essa tela amoled, com Android ou IoS, 16mb, câmera dupla twist carpado! É ou não é uma beleza?
Estava na minha caminhada, "dias sim, dias não, vou sobrevivendo sem nenhum arranhão..." contemplando o caminho e matutando com meu novíssimo smartwatch, vendo na telinha dele os metros, passos/min, batimento, subida, descida...ou seja, não estava contemplando nada.
Mas enfim, após uns km, deixei-o um pouco de lado e filosofei. Comecei olhar as pedras e mais pedras, tome pedras e fiz, isso já voltando pra casa, uma análise daquilo que via e nós. 
É uma pergunta sem resposta: como pode deus criar tudo com tanto caos. Olhei melhor, olhei a também tela de amoled do meu novíssimo smartwatch: 3.4km... e continuei, literalmente, devagar. 
Observei que esse caos é uma constância. Então se é constante não pode ser obra do acaso. E se não é obra do acaso é obra de alguém.
Para alguém sem religião, como eu, a fé é algo imerso em contradições. A casualidade sem motivo é mais impensável ainda. Tudo tem um motivo e uma origem: eu, você, as pedras, o mato, até mesmo o céu e sua infinidade! Nada é constante ou absoluto; tudo é caos e ao mesmo tempo serenidade.
Fé é algo inexplicável, assim como tudo que nos cerca. E essa chuva que cai agora? Nuvens, condições perfeitas para... vento, temperatura e ela cai, nos mais variados formatos e nós, mais do mesmo, querendo obter padrões? Como?
A internet é a matrix, iguaizinho a do filme. Tudo isso é uma grande ilusão. Ninguém vê pixels, mas a câmera só presta se tiver muitos! Deixamos de admirar a natureza para uma foto, selfie, modo noturno, com ou sem efeito?
Vejo isso e sou isso também. Aí aqui vem o antagonismo: somos criaturas que criam. Pra mim, impossível e, ao mesmo tempo, fato.
Vendo a complexidade rudimentar de uma pedra grande ou pequena, o homem jamais criaria algo assim. Então foi Deus? Mas segundo minha crença, esse Deus é algo criado pelo homem para preencher lacunas impossíveis. 
O deus, minúsculo no vernáculo e gigante no pensamento, é algo bom, intocável. Não é o feiticeiro que faz, mas sim a pitada de bondade inerente a todos os seres. O meu deus não é homem, nem por este falou, é algo além. Ele cria pedras, nem plantas, pixels ou coisas do tipo, ele apenas existe em mim.
Quando caminhamos e contemplamos, refletimos sobre tudo isso? Hoje é o último dia do ano, mas não é o último dia e este nunca virá para aqueles que deixarem coisas boas.
A vida é continuidade em meio aos caos. Talvez apenas tenhamos permissão para aqui estar, então qual o porquê dos aborrecimentos, desse ódio uns pelos outros? Minha caminhada, minha fé, vai além de guerras personalísticas ou fés financeiramente viáveis, minha caminhada é reflexão para dentro de mim e iluminação para fora de mim.
Demora e nem sei se um dia chego lá, mas um dia tudo e todos seremos como aquela pedra grande ou pequena: pó e nada mais.
Ah, já ia esquecendo, quando vinha na volta da caminhada, um motorista fez uma ultrapassagem na "cabeça do alto", faixa contínua, ultrapassando uma ambulância do SAMU; ele passou tão perto de mim que acho que levou até minha alma! Fui olhar no meu smartwatch a quanto foi minha pulsação: 119 bpm. Ali foi o pico do meu batimento. Fechei foi os olhos e me agarrei até o último átomo de carbono da alma! Depois disso, pedi a Deus que me perdoasse por tudo de incompleto que penso e de mal que faço, pois não é apenas por que penso que existo, mas pelo que faço.
Desconecte-se e abstraia com a natureza. Não  encontrei nada no caos que observei, ou seja,  encontrei tudo que queria: desconectar de toda essa irracionalidade que se tornou nossas vidas.

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