quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Solitário, mas firme.

Muitos filmes falam sobre superação. Acredito que a maioria tem nesse assunto, seu cerne. Superação é o único caminho; não existe outro. Eu me supero diariamente quando escrevo, pois dificilmente começo algo com alguma ideia fixa. O mote, claro, é um primeiro passo. A fixação da ideia é percebida e juntada ao restante. Essa é a minha superação: trazer de forma livre, mas ao mesmo tempo, amarrada, ancorada, ideias nas quais acredito.
Mas acreditar em ideias não é SUPERAÇÃO. Morrer por elas, sim. Lutar e dar a vida, sim! Mas eu não sou herói. Estou mais pra'aquele personagem que dizia: " oh vida, oh céus..."
Meu ato heróico diário e relatar. Já relatei milhares de vezes. Nessas milhares, talvez em uma vez ou mil, tive razão.
Porém, falta a minha ideia o principal: defendê-la. Não concretamente, como se fosse um muro, mas como se uma nuvem fosse.
As ideias são nuvens, sem formas estáticas ou locais. Elas mudam de direção, caem por terra, contém impurezas, mas não perdem sua essência. Todas as nuvens compostas pela mesma matéria. Minhas ideias também.
Já tive ideias loucas; coisas bem bobas, insanas ou covardes. Pensei em desistir, em competir, em sonhar menos e fazer mais. Fui tão profundo nos pensamentos que voltei irreconhecível. Olhava-me no espelho e não sabia o que fazer. 
Por muitas vezes procurei respostas às minhas ideias, mas boas respostas carecem de excelentes perguntas e as minhas, não eram, ainda, excelentes.
Lembrei agora, ontem me chamaram de crítico. Pensei agora, um crítico sem crédito. Sim, aquele esmoleu sentado no chão frio e sujo, sem atitudes dignas, sem educação "superior". 
Não os condeno, pois já condenei bastante. Já julguei demais as ideias dos outros. Não os culpo, não mais; mesmo sendo impossível alcançar o "não julgamento", tento ver nas atitudes que suponho errôneas, uma tentativa do indivíduo, de certa forma, comunicar um defeito ou pedir ajuda de forma inconsciente. 
Assim são as violências: um pedido torpe e desfigurado de humanidade, querendo ajuda, mesmo que sem consciência disso.
Cada dia vamos nesse caminho insuperável, contraditório! Nada mais contraditório que a vida que acreditamos levar. Ninguém, em ação, ato ou omissão, se acha errado. Por um instante, mesmo que mínimo, achamos estar no nosso direito de aflingir. O mal que entra pelos olhos, passa pela mente e deságua nas nossas palavras, não difere ou infere aquele que irá atingir.
A minha ideia é não deixar o mal aquietar-se. Não devolvê-lo ou pagá-lo na mesma moeda, mas também não deixá-lo a vontade.
O confronto de ideias, mas o respeito ao contraditório. Meu caminho e minhas ideias, andando sempre paralelas a qualquer uma outra, mas jamais deixando que meu julgamento pelo aquilo que vejo, seja parâmetro para uma reação equivocada, que venha trazer mais malefícios que benefícios. 
Interessante que esse "embate" é um passo sem ver: olhos fechados, com calma, sorrindo, braços abertos, mas firmes. É como se esperasse um choque, mas torcesse pelo abraco; aguardo o impacto, doído ou amado, e quando abrir os olhos, o prêmio, a satisfação, um lugar melhor.
Temos que sacrificar nossa posição agradável. Lá fora está escuro. Pode você estar sentado no ouro e os outros comendo pão mofado. É justo o sofrimento conhecido e principalmente ignorado? 
Então, por hoje, a ideia é sair da zona de conforto e enfrentar o mal.

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