domingo, 19 de agosto de 2012

Nel mezzo del camin... (Olavo Bilac)


Toda e qualquer tentativa de entender o desumano ser humano, será em vão. Mas uma coisa é certa, de tal animal, ele sempre está perdido.
Quem conhece ou já pode ler alguma coisa de Olavo Bilac não pode se abster de ter em mente o poema: "Nel mezzo del camin..." . Para mim, é de longe, a marca da perfeição em sua obra. É um poema que eu tenho em mente todos os dias. Faz-me ir e vir ao encontro do nada que povoa as intempéries cotidianas. 
Tentar entender o poeta é um erro clássico de quem ignora a própria ignorância. Relutar de que nada sabemos é um erro fático e pontual da ignorância alheia. A coletiva e resumida promessa de dias melhores, não existe no mundo real. Por mais que façamos, muito pouco é feito e todo acontecimento é pautado pelo feito dos olhos alheios e pelo caminho já seguido antes.
Muitas vezes incomoda o fato das palavras terem esse poder de "chegar" a qualquer lugar, mesmo que a realidade não seja essa, a das palavras. O rico é cheio de pavor do pobre, assim como o pobre não esquece o tanto que trabalha para ser o que é.
"E triste, e triste, e fatigado eu vinha..." Podemos parar de súbito na estrada, mas nem sempre a minha presa será a de quem não me entende. A minha parada poderá ser mental, enquanto a do outro poderá, ser, para observar quem parou...
Entender é como um poema: Não se faz perfeitamente. O poeta é louco e sem "tempos" neste mundo. Tudo que escreve é irreal aos olhos de quem o observa, e só ele sabe o porque de ter parado; apenas ele sente o "desnecessário" momento de pensar: "Tive da luz que teu olhar continha."
"Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida..." Não há ser que não possa entender a dor ou a alegria; podemos ignorar "longos anos", mas nunca "pressa à minha". O ser humano é caótico e "solitário", precisa de "agoras" e não de "amanhãs".
Toda dor é latente e todo amor é passado.
Todo olhar é pra frente quando o amor está ao lado.
Toda face é despercebida, quando não quero ter
Mais que outro olhar de amor, que não seja você... "E eu, solitário, volto a face, e tremo... Palavras fazem circulos e amores os desfazem; palavras matam verbos e amores o conjugam. A vida é o poeta vivido ou o sonho desperdiçado. Entregar-se ao óbvio é parar sem motivo são, e são são os abismos do pensamento do poeta: Ele sabe o que quer.
"Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo."
Podemos embora, mas jamais seremos esquecidos pelo tempo. O tempo é ouro e o ouro é eterno, assim como os olhos que brilham feito diamante. Assim se faz uma parada nesse mundo; um mundo onde o poeta eterniza o dia-a-dia do homem comum, que tem como única riqueza a vontade de mudar.

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