quinta-feira, 10 de maio de 2012

Eu, por mim mesmo. Você, por nada.







Comum ao ser humano e inerente a vida, a morte é certeza dentre todas as duvidas. Ela não é chegada, é despedida. É a dor que sublima e o acaso que marca. É o vento que despe a tocha, o silêncio imponente que cala agora, mas que faz a lembrança chorar.

A morte é a ausência do bem. A estima da saudade. A protuberância da quietude. A solidez da eternidade. O ladrilhar da história. O pântano da dor e a perfídia da vida. Dela não há o que dizer, apenas comentar. Os poucos que sobreviveram, estão “aqui” por serem eternos no imaginário pessoal ou mítico.

A minha lembrança da morte é que ela não existe quando se tem outros planos para vida. Planos e conversões enigmáticas... Soletrações e repetições da vida. Mitigo a morte com o gaguejar da vida, evitando assim pensar nela de forma direta e medonha. Já temos que passar pelos espinhos da morte, então nada mais justo que saborear seu cheiro enquanto ela é vida.

Como duas metades de um mesmo plano, vida e morte se confundem. São as batidas de um coração universal. São as conclusões de um plano superior... Elas são o “porquê” disso tudo. Precisávamos passar pela vida, percorrer tudo isso e depois apenas morrer? Qual sentido dar a algo que não dura para sempre?

Viver e dar continuidade, esse é o sentido real da morte.  Deixar para trás uma rastro de boas lembranças nos outros, esse é o sentido real da morte. Plantar, colher, regar, “fazer chover”, ser único e irreal! Esses são os reais sentidos da morte.

Chegar ao fim da vida é para os fracos. Ser eterno enquanto dure?! Coisa de pessoa comum. Ser perfeito? Narcisista.

“Morrer e não ter a vergonha de ser infeliz”, esse é meu lema. Viver é para gente comum;  ande nas ruas e veja! Tenho pena da vida, ela me inveja tanto que quer me matar. A morte é minha amiga, quer-me tanto bem que todo dia me espera ao seu lado.

Um dia terei que decepcioná-las, por ter ido eu e não elas; por ter sido eu e não aquilo que as pessoas queriam que eu fosse.

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