quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

...se o futuro é a morte?

Perdido na noite; perdido no dia;
Não importa a hora nem a dor.
Não importa a vida nem a cobiça,
Pois quem age em preguiça,
Nem que a demora seja ligeira,
A hora da morte é passageira
E a da dor é bem vista;
A boca da noite é revista
Que se lê aberta.
Que nos fala sem demora,
Que nos visita sem pressa;
Avalia o que nos resta,
Alivia o que nos mata.
Dá-nos fortuna e arrebata
Para tão longe quanto se vê...
Lá pelos fins dos dias,
Lá pela boca da noite,
No calar do açoite,
No soar do badalo,
Abre-te num longo estalo:
A cortina findoura.
É a hora das horas;
O matizar das viúvas;
O crepúsculo da aurora;
A hora da hora.
A cena passageira.
Que mesmo ligeira,
Que mesmo sem graça,
Desce em pranto e desgraça.
O que nos resta agora?
Cinza e rebeldia, contida e contada;
Morta e dizimada
Pelo condão da fortuna!
E por ver que algo nos resta...
Assim como no inicio,
É tudo conversa!
De onde não estamos por apego?!
De onde fincamos os corpos,
De onde morremos e mortos
Somos dizimados!
O último suor deixado,
A eternidade ser levado.
Agonizo pelos pecados
De uma vida pregressa,
Onde ser vivo é preguiça
E preguiça é meu nome!
Mas dizem ao velho homem:
Pra que pressa...

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