sábado, 3 de abril de 2010

Meia-boca.

Quando o mar sopra meu sono
É pra avisar que a noite chega.
Vou do acalento ao abandono
E a noite clara vira negra.

Minha lembrança espatifada,
Sem entender que acontecia,
Foi deixando a boca calada
Sem saber que amor viria.

Seu colo não é mais estada!
Sua boca?! Perdida alegria.
Nas nuances da madrugada
É dor, exatidão e apatia.

Minha rima exacerbada
Carece de ter algum sentido,
Pois vejo, enquanto divaga,
O luar dos esquecidos...

Essa lua inda ontem bela,
Fez sentido como nunca antes,
Vi nos olhos de quem zela
O choro perdido e navegante.

Venha comigo ao deslumbro
Raiar da última morada!
Veja o sol enquanto sucumbo
À sinuosidade da estrada.

Não é de dor, lacera a demora,
Nem de frio que me inquieto.
É de amor, o mais extremo,

Que meu corpo por ti implora.
Implora tanto que desperto
Para outro dia que não lembro.

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