quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

"Criança "

Não sei o que é verdade,
Meus olhos vivem cansados.
Se os abro, perversidade.
Se os fecho, chego a sonhar.

Então que mal nisso há?
É normal piscar com um cisco
É mal deitar se preciso
Ou então, é tudo ilusão?

Dizem não ter perdão
É crime, de fato, se meu ato
Foi sonhar demais.

Aquele tempo atrás...
Não voltará!
Será?

Prefiro ir de olhos abertos,
Pois se fomos descobertos
É só mergulhar.

Que mal nisso há?
Ninguém sabe, ninguém destrói
Te corrói, será?

Me dê sua mão e venha
Não se detenha
Confie!

Desfile seu esplendor
Sem qualquer avareza
Deixe lucro, não despesa!

Não tenhamos pressa
A felicidade partiu
E se saiu...

Vamos com os olhos pensar,
Falar bem baixinho,
Tudinho...

Já não sei o que não é verdade 
Com a idade, meus pensamentos
Tornaram-se lentos, rabugentos
Não são nada além de ilusão...

Então, porque não ficar?
Sentado, vagando, andando
Rimando, postergando, aliviando,
Abrindo os braços aos abraços!

Que o vento na brisa te leva
Te eleva, pois é bom flutuar!
Quem anda despreza 
Mas é o que temos pra dar.

Raiva, os teus olhos de ódio 
E os meus fechados.
Não quero ver outro episódio,
Com meu coração queimado.

O último recado, prometo:
Somos bons e sujeitos,
Cheios de predicados
Objetos diretos e adverbiais.
Sinais, menos é mais 
Mais com menos, jamais!

É um jogo de olhos fechados
Pois a verdade é sua versão.
Então, mesmo neste estado
Fechados, vejo melhor que você.

Eu sonho, me decompondo,
Me indisponho, risonho
Petrificado, instado, aliviado,
Medonho...é você mesmo, aí?

Aqui, ali, um longo texto
Um pretexto, um detesto!
Protesto, pula esse "esto",
Vamos indo, caindo.

Prometo, último soneto:
Nem depois nem antes da morte,
Em meio a qualquer circunstância
Nao foi sorte, nem destino,
Rumino, menino, crítico...
Você não lerá, 
Pois o privilégio
É colégio,
onde analfabeto não há.

Agradeço, o apreço 
E o tempo desperdiçado 
Num estado de pura e plena penúria
Nos "alúia", "alumia",
Que a antes...
Agora é senhorá. 

Nenhum comentário: