sexta-feira, 16 de julho de 2010

A quem possa interessar.

Negra, enquanto orvalho a dor,
Preterida fonte de acalento,
Faz de mim o teu contento,
Pois outro amor não há.

Rosa, faz perfídia rosa.
Diz que tenho o que te falta;
Agrada com riso, maltrata.
Na mesma hora faz passar.

Vento, entristecido e claudicante
Vem me espera, vem perdido!
Vem parar a minha sede!
Vem clamar o que não digo.

Vem surtar na noite adentro!
Vem roçar, sou teu paiol.
Vem viver mesmo com medo
Na brecha pequena do meu lençol.

Que não reprime teu gemido.
Nem mesmo te esconde do amor.
Sei que não sou tão vivido
Para entender o que não sou.

Mas o que quero nessa morada
É tão claro quanto o breu:
Quero amor e dar a amada...
A quem não tenho, sempre seu.

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