Assim dizia papai sobre, onde, como e quando o tempo lhe deixará apenas a saudade como lembrança de outros tempos...
Eu já fui bom em
ouvir e estar com as pessoas. Hoje em dia, talvez por fatores improváveis, eu
esteja em uma fase menos, digamos, afeita a ouvir baboseiras. Impaciente e
indeciso, assim como na música do Legião Urbana. Mas muito menos “amo mais você
do que eu”, do Catedral.
Deve ser a idade,
ou o excesso dela; ou quem sabe os erros, e o excesso deles; ou talvez e mais
provável, todas as anteriores. Todos chegamos em algum lugar de alguma forma. É
impossível chegar aos 15, 25, 33, 42! Anos, sem que as marcas do tempo não nos
empurrem contra as pessoas.
É o filho chato,
a mãe que não entende, o marido/esposa que reclama, é a vida que não se
desenvolveu ou os fatos que julgamos necessários que não saíram do canto! Mas
aqui entendo o que o papai dizia: o problema somos nós.
Nós, literais ou
objetos, dados na corda ou existenciais, repletos ou incompletos, simples ou
impensáveis, vão se acumulando nessa corda que pulamos diariamente. É o cansaço,
o sobrepeso, o mais do mesmo, a falta de quem nos compreenda, o tempo que só
passa e nada acontece! É tudo e ao mesmo tempo nada.
No final, ao fim,
sequer teremos a possibilidade de olhar para trás. Quando chegar a hora de nos
chamar saudade, como diria Nelson do Cavaquinho, o tempo não irá parar, né, seu Cazuza?
O que somos hoje
é a “soma de todos os medos”, um ótimo filme com Bem Afleck e Morgan Freeman. E
nem nos nossos piores pesadelos acharíamos estar na situação na qual nos
encontramos. Claro e provavelmente, você ou até mesmo eu, possa estar se
perguntando: “estamos tão mal assim?”
Eu não sei vocês,
mas eu sinto falta dos meus tempos de criança:
“eu daria tudo que eu tivesse, para voltar aos dias de criança. Eu não sei pra que que a gente cresce, se não sai da gente essa lembrança...” Grande Ataulfo Alves.
Nesse tempo, até mesmo em tempos mais à frente, não ter, como sempre digo e com orgulho, R$1 no bolso, eram tempos infinitamente melhores. Nossos pais, ainda jovens, carregavam toda a responsabilidade que hoje nos massacra. A realidade era diferente, o tempo era inexistente, os olhos brilhavam... e os pés sujos do chão de terra? Vixe... ali era bom demais.
Não existíamos,
apenas sentíamos. Era simples, sem composição. Não éramos versos trabalhados,
apenas prosa sem compromisso. Literalmente, éramos o que o sopro divino nos deu: vida, plena, absoluta e irrefutável.
Mas aí você pode
pensar: o homem cresce, para perpetuar a espécie... essa espécie? Se eu tivesse
crescido sabendo como o mundo estaria, teria, como diria meu vô, morrido cedo,
pois ele falava que quem não quer ficar velho, que morra novo. Não dá meu vô,
meu pai já estabeleceu o precedente: "já fui bom nisso..."
Aprendi com ele
que as intempéries da vida são inatas. Ou é assim, ou assim não é. Nem posso
correr devagar, pois nunca tive pressa e levo esse sorriso porque já sofri
demais. Claro que atropelei o Almir Sater, mas ele há de entender.
Na esperança por
dias melhores, por pessoas melhores, por um mundo melhor, acho que vamos
levando, empurrando com a barriga. Fico livre dos meus pensamentos quando
escrevo, tento deixar aqui, mais que verdades, pois nunca fui de mentir demais.
Hipocrisia e o medo de sermos quem somos, nos dá calafrios e cala-bocas.
Talvez eu seja
sincero demais e me importe de menos com o que os outros vão dizer, mas ninguém
nunca chegará onde eu cheguei, pois ando só e só eu sei...
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