terça-feira, 24 de abril de 2012

O medo de agir.






Quando ainda criança, todo domingo, seguíamos eu e minha mãe até a casa de meu avô. Nesse trajeto, casa-vô, havia uma calçada que para muitos até hoje passa despercebida. Não tinha nada nela de especial. Era simples. De cimento mesmo. Buracos. Mas ela era a entrada para um beco que nunca entrei.

Logo no começo vi que eu podia saltar de um lado para o outro da calçada, como se alçasse voo. Mas como ainda era pequeno, minhas pernas precisam de ajuda; essa que vinha das mãos e dos braços de minha mãe. Pense numa felicidade quando eu pulava de uma calçada para outra! Conseguia! Alguns anos passaram e fiquei maior e mais ousado. Já estava na hora de tentar pular sozinho...

Dias de preparação. Momentos de apreensão. Saltos-teste. Conexões. E finalmente o grande dia. Era um mesmo domingo como tantos outros, mas naquele domingo não fomos pela calçada... Estranhamente vi que íamos de ônibus. Perguntei para onde íamos e minha mãe falou que meus avós tinham se mudado para outra cidade... Fiquei muito decepcionado, mas como o tempo pude ver e conhecer novas calçadas e alçar novos saltos.

Claro que não deixei a minha calçada preferida para trás. Voltei lá, sozinho. Era diferente, não era domingo. Minha mãe não estava comigo. Algo estranho no ar, um medo de não dar certo. Tomei distancia, mas alguém saiu pelo beco e não pulei. Voltei um pouco e pulei... Sozinho e do outro lado, a alegria era tamanha que não me contive e gritei! Coloquei pra fora a emoção! Ahhhhh! Algumas pessoas olharam e certamente disseram: “pega do doido”. Eu não estava nem ai pra elas, queria mesmo era curtir o momento...

Hoje, muitos anos depois, diariamente, deparo-me com a vida, suas calçadas, becos, mudanças, reencontros, caminhos a seguir, desafios e pessoas. Tudo é igual como era antes e nada me surpreende. As pessoas continuam gritando quando tentamos superar nossos limites e desafios. Vi e vejo que somente a família está conosco todos os dias, ensinando-nos a saltar e vencer os desafios.

As pessoas passam, assim como as uvas; A família fica na memória ou no dia-a-dia, mas está sempre ao seu lado, para vencer.

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