segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

24 horas.

Minha distância; minha reluta inconstância.
Meu trabalho mal pago. Minha bruta esperança;
Meu relato aplicado, dizem que já passou.
Terminou. Acabou. Redimiu. Acabou. Lutou?!
Nem tanto e pra meu espanto, meu descrê enjoado,
Tudo ainda pode ser nada e nada, agora, é nem tanto,
Que para o pobre coitado, para o pobre e vagante,
Nada é melhor do que antes, que nada havia lá.
Do quê falo? Do que rio? Lágrimas? Estio?
Alívio? Relutância? Descrença? Abundância.
De fatos e relatos. De gritos e sussurros.
Grotas e murros; pedras e viradas, punhos e punhaladas.
Enredos e cantos. Rios e prantos. Rumas e molhadas
Rotas de fuga, rotas de surra, rotas de nada.
Não há caminho a seguir, nem caminho a perder.
Não há lá ou aqui; eu ou tu. Nós ou...vozes ao fundo....
Nozes ao mundo! Eles sabem da verdade, mas minha distância...
Pobre fragrância, podre agrado que reluta em ser mal pago,
Não redime e nem prospera... Espera! Isso sim faz sentido!
Espera comigo. Tenho medo de estar só.
Tenho medo dos homens. Tenho medos das mulheres.
Tenho copos e colheres, queres? Me queres? Espere.
Tolere meu hábito imundo, de olhar nos olhos do mundo
E saber quem sois. E que não há caminho a seguir,
E nem rosto a lembrar. Não há, não há. Sei que vi, mais ali.
Lá. Vá! Corra, ainda é tempo! Nada vai ser como antes!
Nada vai surgir de novo. Nem tanto e pra meu espanto:
Pobre coitado vive exilado. Deste lado, do outro lado;
Naquele porão imundo, fedido e confuso. Será escravo?
Será doente? Será descrença? Será que será?
Vozes ao fundo: “O que dizem as punhaladas?” Nada. Nada.
Nada e não chega a lugar algum. Nada, nada, nada,
E só vê o lugar comum. Vaga, vaga, vazio e transparente, nem sabe
Nem sente nem imagina o frio que faz. Não sabe onde fica,
Não sabe aonde vai. Vai sem querer ir. Vai pra onde quiser ir.
Vai. Apenas uma última tragada... Não sabes de nada e nem queiras prever,
Pois quem mata o tempo, mal tempo pode ter.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

“Malagradecidos”!

Movam os discos empoeirados da vitrola.
Que tantos discos são estes? Servem ainda?
Servem pra sentir os dedos no passado,
Servem seus donos como finco a nostalgia.
Carecem de sabor e enegrecidos de poeira
Passam tempos e tempos sem mover...
A máquina que não redemoinha.
A sorte que esquecida pela “engancho”
Vai de vento em vento num suave redemoinho...
Olha como roda... Olha como me olha!
Vem distante seu sabor, ainda esquecido,
Deixando-me sem palavras, mas com saudade.
Dos bailes. Das marchinhas. Dos pierrôs.
Das noites sem tanta luz. Do mudo som da noite.
Das roupas que tanto me serviam. Do luar.
Do gelado e enegrecido sabor da vida.
Aonde os tempos bons foram?
Por que me deixaram aqui pra morrer de saudade?
“Malagradecidos”! Tantos que lhes dediquei...
Uma vida inteira “de vitrine”!
Querendo-os e sem ver que o tempo passou,
E não pude comprá-los. Nada pude fazer e tê-los.
Atrás de mim passou o tempo. Passou a banda.
Não existe mais praça. Foram-se as modinhas.
Acabou pirraça. Morreu Colombina. Morreu Amélia.
João se foi; se foi José. Passou a vida,
E eu só consegui ficar, aqui, em pé.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ontem perdi algo...

Trazia em mim; deixava comigo.
Era parte de tudo que tinha!
Era parte de uma parte especial...
Era um dia; eram todos os dias.
Era uma vida; era uma única vida.
Mas como deixei passar?
Muitas dos dias não podemos vencer.
Como deixei perder?
Muitas das lágrimas são sem querer.
Deixei me iludir tão fácil, por quê?
O coração não pensa, age.
Bate sem deixar escolha! Age!
Reage e não se deixa enganar.
Ele não pensa, lembra?
Ele não sente, lembra?
Ele se entrega, sente?
Ele morre pelas noites...
E sem querer saber se vai viver.
Não tem instintos de sobrevivência,
Nem sabe que dia é agora,
Ou nem liga se alguém esquece...
Mas bate. Bate sem saber por quê.
Sente quando perde algo.
Para quando quer entender os dias.
Cai quando quer viver melhor.
Chora quando passa a vida chorando.
E esquece quando era pra lembrar:
Nada vale um dia sem ele;
Nada ilude o coração cheio de amor,
E ninguém o perde por um dia de vida.
Nada substitui algo perdido,
Mesmo que seja algo insubstituível.